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    Futebol na Rede

    Os jogadores realmente como protagonistas

    03/09/2013 15h15

    O ato de Paulo André, zagueiro do Corinthians, ainda em atividade, que não teve medo de enfrentar e questionar o presidente da CBF, José Maria Marin, deve servir de alerta e exemplo aos nossos jogadores de futebol.

    Esses, historicamente, mesmo sendo as principais estrelas do esporte, sempre ficaram marginalizados - e também aceitaram o papel -nas questões importantes do esporte, como as relações trabalhistas com os clubes, a fiscalização do quanto os clubes arrecadam e precisam repassar aos profissionais, de calendário e organização de campeonatos.

    A passividade dos jogadores perante a estrutura do futebol surge de um medo histórico de que, se um determinado jogador contestar algo, ele vai perder espaço e fatalmente será prejudicado na carreira.

    Foi assim, durante muitos anos, que os atletas suportaram viver com a Lei do Passe, na qual os jogadores eram literalmente propriedades do clube e, em alguns casos, não podiam jogar ou se transferir porque o "dono" do atleta não queria. Ou seja, uma situação que beirava à escravidão.

    Depois do término da Lei do Passe, era esperado que finalmente o jogador pudesse assumir o controle de sua carreira, mas não foi isso que aconteceu. Os atletas deixaram de ser propriedade dos clubes para se transformarem em fantoches dos empresários. Com a promessa de jogarem nos principais clubes do planeta, os profissionais racharam seus direitos em várias partes e aceitaram pacificamente, como sempre, dividir até seus ganhos com os oportunistas.

    É preciso dizer também que o jogador de futebol brasileiro é um egoísta por natureza e esse comportamento sempre evitou que se formasse uma classe forte.

    Por exemplo, é impensável que, num curto espaço de tempo, tenhamos uma greve de jogadores, lutando para ter alguns direitos básicos, como ser ouvidos na confecção do calendário, respeito ao intervalo mínimo entre duas partidas, e reivindicando o mais básico de qualquer trabalhador, que é o pagamento do salário em dia.

    O jogador brasileiro, hoje, assina um contrato ciente de que não vai receber integralmente o que foi acordado. É sabido que, na maioria dos casos, o jogador abre mão de muito do que deveria receber para chegar a um acordo amigável para deixar o clube.

    É de conhecimento público que o jogador de futebol no Brasil só corre atrás do que é seu por direito quando já está em má situação.

    Não é raro saber de atletas destratando companheiros por esses estarem em times menores. Passou despercebido, mas tão importante quanto Paulo André ter questionado o presidente da CBF foi ele ter pedido apoio aos jogadores de times pequenos. São atletas desses times que sentem a realidade nada glamourosa de ser jogador de futebol no Brasil, onde são realmente poucos os que ganham um excelente salário.

    Que o discurso de Paulo André sirva para que finalmente todos os jogadores brasileiros saibam que eles são protagonistas do esporte em todos os sentidos.

    Até a próxima!

    Mais pitacos em: @humbertoperon

    DESTAQUE
    Para o Fluminense, que é o atual campeão brasileiro e faz uma campanha medíocre neste ano. Com os pontos que fez até agora e com o futebol que o time vem jogando, a equipe vai passar todo o segundo turno lutando para fugir do rebaixamento.

    ERA PARA SER DESTAQUE
    Demorou, mas finalmente os palmeirenses perceberam que têm um time bom apenas para a Série B e nada mais que isso. Nas duas partidas contra o Atlético-PR, o time foi dominado pelos paranaenses. Não custa lembrar que, no primeiro jogo, o time do Paraná, mesmo perdendo pela contagem mínima, foi superior e desperdiçou inúmeras chances de gol.

    humberto luiz peron

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance".

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