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    Futebol na Rede

    É só futebol, nada mais que isso

    DE SÃO PAULO

    11/09/2013 13h18

    Adoro conversar sobre futebol. Talvez seja o assunto de que eu mais goste de falar. Perco horas seguidas lembrando grandes partidas, jogos, erros de arbitragens e curiosidades. Mas quando o papo descamba para o "meu time é maior que o seu" dou uma desculpa e saio da roda, principalmente se na reunião tiver vários fanáticos ensandecidos. Sei que vai começar uma série de comparações, que geralmente vão terminar num bate-boca sem fim, já que todos os times tiveram altos e baixos em sua história e também foram ajudados pela arbitragem em uma ou outra partida.

    Parece que agora não há mais espaço para aqueles que gostam mais de futebol do que do próprio time - como no meu caso.

    Lógico que sou torcedor de um clube, já fiquei muito ansioso antes de alguns jogos, festejei vitórias e títulos, já teve dias em que foi difícil sair da cama depois de algumas derrotas, e adoro que o meu filho seja torcedor do mesmo time que eu - aliás, muito mais assíduo do que eu, em 11 anos de vida, uns seis de arquibancada, ele já deve ter gritado o nome do time muito mais vezes do que eu gritei em 45 -, mas eu nunca fiz do meu time minha vida. O que posso confessar já fiz com o futebol.

    O que eu acho chato nesse momento de fanatismo extremado é que os torcedores de futebol pensam que há uma grande conspiração contra o seu time. Quando uma equipe vence, ela não derrota apenas o adversário em campo, mas sim um grande esquema invisível que não quer ver o triunfo do time para quem se torce. Longe de qualquer ponderação, antes de admitir que um time perdeu simplesmente porque o adversário foi melhor, alguns exaltados já falam de esquema de favorecimento para times de determinados estados, erros de arbitragem - isso quando o fanatismo cego faz esses fanáticos concluírem que, a cada revés, os jogadores do próprio time estão boicotando o técnico, ou a diretoria está atrasando os salários.

    Não sou ingênuo para acreditar que não existem coisas erradas no futebol, mas apontar apenas as armações de bastidores a cada derrota de um time já um exagero.

    O que chega a ser muito engraçado nessa onda do "meu time contra todos" é que, sem perceber, alguns torcedores perdem totalmente a noção do ridículo e muitas vezes não se dão conta de que comemoram um gol sofrido - ou a derrota - de um rival, do que os pontos altos de seu time.

    Também é fácil perceber que o fanatismo faz com que alguns torcedores achem que amam mais o clube que outros que simpatizam pelas mesmas cores. Na linha "eu amo o nosso clube mais do que você", valem coisas como assiduidade aos jogos, número de camisas oficiais compradas no ano, ser sócio-torcedor e ter acompanhado o time nos momentos mais complicados. Ou seja, nem com os simpatizantes do próprio clube é possível conseguir falar de futebol sem entrar em discussões tolas.

    Não poderia falar do fanatismo sem deixar de lembrar as mortes que aumentam a cada ano, por causa das brigas dos torcedores.

    A todos os torcedores e àqueles que amam o futebol, como eu e você, que está lendo este texto, não custa lembrar, antes de perder a cabeça e fazer uma besteira, que é só futebol, nada mais que isso.

    Até a próxima!

    Mais pitacos em: @humbertoperon

    Destaque
    Para a volta de Muricy Ramalho ao comando do São Paulo. O treinador é a última aposta da diretoria para tirar o time da situação delicada em que se encontra no Campeonato Brasileiro, com possibilidades reais de queda para a Série B. Sem tempo para treinar o time, Muricy vai precisar trabalhar muito fora de campo, para acertar a parte emocional do elenco, particularmente daqueles jogadores que estão rendendo muito pouco, como Paulo Henrique Ganso e Luís Fabiano.

    Era para ser destaque
    Para as duas boas atuações da seleção brasileira nos amistosos contra Austrália e Portugal. Para um time que vai fazer poucos jogos até o início da Copa do Mundo, é importante que, em cada amistoso, o time jogue como se fosse uma partida oficial, mesmo jeito que fez nesses jogos. A presença de jogadores que tentam garantir vaga entre os convocados para o Mundial também faz com o time mantenha um ritmo forte durante os 90 minutos.

    humberto luiz peron

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance".

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