Com medo das manifestações e riscos de segurança, a Livraria Saraiva decidiu cancelar o debate, previsto para amanhã, entre Yoani Sánchez e o senador Eduardo Suplicy em sua unidade no shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo. É mais uma cena constrangedora.

Quem não gosta de Yoani tem, obviamente, todo o direito de criticá-la duramente e se manifestar falando o que bem entender. Podem acusá-la de vendida, de agente da CIA, seja lá o que for. Mas o que estamos vendo aqui é algo que deveria dar vergonha: grupos de jovens que não se contentam em se manifestar. Querem impedir que ela fale. Ou seja, são censores.

E estão conseguindo alguns resultados. Além do cancelamento do debate na Livraria Saraiva, impediram que um encontro com blogueiros se realizasse. Impediram ainda a exibição de um documentário em que ela é personagem principal. Ou seja, grupos agem com força, coagindo em vez de argumentando.

Esses grupos mostram um culto à repressão de ideias --e, na prática, acabam involuntariamente dando razão a quem critica Cuba pela falta de liberdade.

Sempre fica aquela velha pergunta: esses mesmos grupos combateram a ditadura aqui, mas aceitam ditaduras em outros lugares. Ou seja, empulhação.