Aprendi acompanhando por tantos anos a política que, diante de problemas complexos, sempre aparece uma solução simples, rápida e inútil. Inútil, mas com apelo popular.
É o caso do debate em torno da redução da maioridade penal.
O que as pessoas querem não é justiça. Mas vingança. Entende-se. Somos tão vulneráveis que queremos soluções rápidas.
O problema disso: não vai aumentar a segurança. Se o adolescente for para a cadeia, apenas sairá de lá pior. Simples assim.
Façam um plebiscito para saber quantos apoiariam a execução de marginais --a forca, por exemplo-- em ritos sumários. Mais: o plebiscito ocorreria logo depois de um crime que tivesse emocionado a nação.
Duro mesmo é melhorar a qualidade da polícia e das ações preventivas. Além disso, ter projetos para a juventude, a começar de uma melhor escola pública.
Isso sim gera segurança.
Mas é uma resposta complexa para o desafio complexo. Logo, não tem tanto apelo.
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Concordo, porém, que, para alguns casos, o tempo de internação de adolescentes pode ser maior.
Mas está longe de ser a melhor solução.
Ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.