A leitura da mais recente pesquisa Datafolha emite sinais de que o Movimento Passe Livre, o grande vitorioso nas manifestações, corre o sério risco de ficar isolado e perder prestígio. É capaz de virar vitrine e perder a condição de estilingue.
O MPL está convocando novo ato para a próxima terça-feira para pedir muito mais do que o fim do reajuste das tarifas. Pedem o transporte público gratuito. Apenas para os ônibus essa medida custaria R$ 6 bilhões por ano, sem garantir melhoria da qualidade.
O Datafolha mostra que 60% dos paulistanos querem a continuidade das manifestações para melhorar a saúde e educação. Mais 8% para segurança.
Tradução óbvia: para dar R$ 6 bilhões de passe livre nos ônibus teriam de ser sacrificados investimentos em saúde e educação.
Ou seja, o Movimento Passe Livre passaria a ficar contra a vontade da maioria caso o cidadão perceba que atender aquele reivindicação significar prejudicar outras prioridades..
A maturidade de todo esse movimento obrigada uma pergunta simples: quem paga a conta?
No final, como sabemos, somos sempre nós.
Ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.