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    Gregorio Duvivier

    A disputa do prefeito Village People com o agente funerário

    27/03/2017 02h00

    Catarina Bessell
    Gregório de 27.mar

    Doria se veste de gari e faz "varrição simbólica" para fotos, naquilo que confessa ser a primeira faxina da sua vida ("a primeira de muitas!")

    Crivella não aparece para entregar a chave da cidade para o Rei Momo, alegando gripe muito forte. Tampouco aparece na Sapucaí para o desfile das escolas de samba, alegando estar assistindo ao Rio Open.

    Doria se fantasia de pintor de paredes para apagar grafites. Doria anuncia a criação de um museu exclusivo para grafites. Justiça afirma que não cabe à prefeitura apagar grafites. Prefeitura recorre.

    Crivella nomeia um morto para um cargo de confiança na Riotur. A prefeitura afirma não se tratar de um equívoco, afinal a morte é recente e o prefeito ainda não sabia da morte do quase futuro colega.

    Doria se veste de marronzinho da CET –mas chega no evento estacionando o próprio carro em local proibido.

    Crivella nomeia outro morto, dessa vez para a gerência de Esportes. A prefeitura afirma que na época da indicação o morto ainda estava vivo –mas morreu antes de ser nomeado, devido à burocracia.

    Doria se fantasia de cadeirante para experimentar o que eles sentem –por cem metros.

    Crivella, talvez descobrindo que não conhece ninguém que ainda esteja vivo, nomeia o próprio filho para a Casa Civil –não sem antes checar que o mesmo está bem de saúde. Respira aliviado ao saber que está.

    Formado em psicologia cristã, 'Marcelinho' Crivella trabalhava, até o momento da nomeação, com computação gráfica e fornecia palestras sobre "Como encontrar um companheiro pra vida toda", segundo reportagem do jornal "O Globo".

    Doria se veste novamente de gari e posa para fotos segurando fotos dele mesmo igualmente vestido de gari para mostrar que não é a primeira vez em que ele se veste de gari.

    STF suspende nomeação do filho de Crivella alegando nepotismo. Crivella, indignado ao descobrir que não pode nem sequer nomear o próprio filho, vai ao STF recorrer. Em vão. Surge um problema. Crivella não conhece mais ninguém que esteja vivo –e não pertença à família Garotinho. Nomeia, então, Clarissa Garotinho, na falta de contatos insepultos.

    E ainda estamos em março.

    Aguarde cenas do próximo capítulo: Crivella nomeia Ayrton Senna para a pasta de Esportes e se revela chocado com a notícia da sua morte. "Mas tão novinho!". Doria vive um dia de Popeye na Carreta Furacão naquilo que chama de "sarração simbólica" (a primeira de muitas!).

    gregorio duvivier

    É ator e escritor. Também é um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos. Escreve às segundas.

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