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    Guto Requena

    Lições da semana do móvel em Milão

    20/04/2014 01h30

    Desde 1961, o Salão do Móvel de Milão, o mais tradicional festival de design do mundo, atrai milhares de profissionais, curadores, empresários e estudantes.

    Nele, são lançados produtos, faz-se pesquisa, negócio e muita festa. Temos diversas lições a aprender com este evento.

    Taissa Buescu, diretora de redação da revista Casa Vogue, destaca o caráter democrático da feira, "uma vez que todas as criações são apresentadas ao vivo e, na maioria das vezes, pelo próprio designer ou fabricante, a qualquer interessado".

    De fato, o design fica mais próximo, já que qualquer um pode se informar diretamente com o criador sobre os processos envolvidos por trás dos lançamentos.

    O idealizador e CEO da São Paulo Design Weekend, Lauro de Andrade Filho, conta que festivais urbanos como esse "são mais do que momentos de celebração do design, mas grandes plataformas de exercício de cidadania e desenvolvimento econômico e social".

    Quando se unem, numa enorme experiência coletiva, profissionais, acadêmicos, empresários e ONGs, discutem (acima de tudo) soluções. É um exercício de reflexão sobre o futuro do habitar.

    Para Maurício Lamosa, fundador do Estudiobola, escritório de design de produtos de São Paulo, um dos fatores responsáveis pelo atraso da indústria criativa brasileira é a falta de ferrovias que interliguem pontos estratégicos, facilitando a circulação dos produtos e pessoas. Na Itália o sistema de trens é um dos mais bem servidos da Europa.

    Este ano, eu expus trabalhos em Milão e, depois de falar com muita gente da área, destaco três comentários que se repetem sobre nós:

    1. Somos vistos como profissionais criativos e abertos ao novo;
    2. Estamos estagnados num país burocrático, caro e atolados em altos impostos que dificultam o desenvolvimento da indústria do design;
    3. É quase impossível fazer negócios com o Brasil.

    Daqui fica claro que estamos batalhando para conquistar nosso espaço. Mas ainda faltam políticas públicas que elevem o design brasileiro a um novo patamar, para sermos vistos além de nossa criatividade, apenas.

    guto requena

    Escreveu até novembro de 2015

    É arquiteto graduado pela USP.

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