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    Guto Requena

    Arquitetura hackeada?

    22/02/2015 01h30

    São Paulo, assim como tantas cidades brasileiras, possui uma arquitetura estandardizada, monótona, cinza, com sua estética definida por incorporadoras e construtoras, com baixíssimo valor arquitetônico.

    É claro que temos edifícios de grande relevância -entre eles, os clássicos do centro histórico, como o edifício Martinelli, os exemplares modernos de Rino Levi e Artacho Jurado, em Higienópolis, e os experimentos contemporâneos na Vila Madalena, assinados por Isay Weinfeld e a Triptyque. Infelizmente são poucos exemplos, que se reduzem a quase zero quando avançamos para a periferia.

    Estou obcecado com a ideia de que podemos mudar essa realidade, hackeando edifícios existentes, estimulando uma nova identidade urbana, elevando a autoestima, melhorando a qualidade de vida e promovendo inovação e sustentabilidade a custos viáveis.

    São Paulo pode ser exemplo internacional do que chamo de Arquitetura Hackeada, feita de modo simples, com a participação coletiva e com mudanças em tempo real. Como? Com estímulos fiscais para adicionar arte nas fachadas, como grafites e jardins verticais, e plugando varandas e estruturas coletoras de água da chuva e de energia solar.

    Conectando, por exemplo, sistemas de iluminação de baixo gasto energético (com a tecnologia LED), e o que mais me fascina: fachadas interativas que respondem à estímulos, através do uso de sensores, como barulho, qualidade do ar e temperatura, ou visualizando dados de consumo energético, ou ainda refletindo humor com informações de comportamentos coletadas na internet e em redes sociais.

    Essa nova arquitetura híbrida e interativa adiciona camadas poéticas ao nosso cotidiano urbano.

    Hacker é um termo utilizado na informática e define uma pessoa que é capaz de subverter, manipular ou modificar utilizando sua criatividade e "expertise" para burlar um sistema computacional.

    Na Cultura Hacker é comum o trabalho compartilhado, improvisado e colaborativo. Muitas vezes, hackers são ativistas, com fortes ideologias e motivações a favor da internet livre e da privacidade. Hackers são, acima de tudo, grandes inovadores.

    guto requena

    Escreveu até novembro de 2015

    É arquiteto graduado pela USP.

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