Juergen Mayer é hoje um dos mais atuantes arquitetos internacionais. Seu trabalho transita nos limites entre arquitetura, arte, comunicação e novas tecnologias.
Fundado em 1996 em Berlim, o escritório J. Mayer H. faz planejamento urbano, edifícios e instalações de arte e objetos, experimentando materiais, métodos digitais de criação e fabricação, e questionando no espaço as relações entre o corpo humano, a natureza e as tecnologias.
Formado na Universidade de Stuttgart (Alemanha) e na The Cooper Union e em Princeton (EUA), ele tem trabalhos no acervo do MoMA de Nova York e de São Francisco. Juergen Mayer é apaixonado por geometrias complexas, música clássica contemporânea e caipirinha.
Convidei-o para palestrar no Fórum Internacional de Arquitetura e Construção da Expo Revestir, que aconteceu na última semana. Em sua quarta visita à São Paulo, seu único pedido para mim foi visitar a Casa de Vidro, marco da nossa arquitetura, construído por Lina Bo Bardi, em 1951, para ser sua residência com o marido Pietro Maria Bardi.
Fã da arquiteta, Juergen me diz que o que faz o trabalho de Lina tão especial é sua capacidade de cativar as pessoas com o espaço público, com sua "voz arquitetônica forte e única", repensando o convencional e buscando inspiração na tradição e na cultura popular brasileira.
"Visitar a casa de Lina nos dá uma sugestão da maneira como ela mistura, no espaço, tantas referências diferentes –o popular, o artesanal, a arte, a natureza, a ciência e as memórias que ela coleciona e adensa.
Juergen é fascinado pela energia de São Paulo, sua diversidade, topografia urbana e o espírito moderno de sua arquitetura. Para ele, sua grande riqueza está em conter múltiplas cidades em uma só.
Trata-se de um terreno fértil para o urbanismo no futuro, onde a mobilidade, uma das maiores questões a ser pensada aqui, terá que mudar muito, com investimentos em infraestrutura, com novas tipologias de arquitetura e espaços públicos.
A beleza imperfeita de Lina e a cacofonia urbana de nossa cidade, características importantes da nossa cultura, parecem ter encantado o rigor matemático desse alemão.