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    Guto Requena

    Paris tem...

    14/06/2015 01h30

    É quase verão aqui em Paris, e aquela sensação de siricutico está no ar.

    Paris tem muitos parques. Paris tem grandes diferenças sociais, é segregadora e exclusivista. A questão religiosa e a dos imigrantes é tensa.

    Paris tem o Vélib', um dos melhores sistemas de bikes públicas do mundo. Lançado em 2007, esse sistema sofreu rejeição dos que não acreditavam na sua convivência com o automóvel. Hoje, oito anos após sua implementação, a bicicleta é parte fundamental da dinâmica e do estilo de vida do parisiense.

    Paris tem festival de design. Não apenas um, mas vários no decorrer do ano. Aqui, o design é parte fundamental da economia, e o governo busca formas de incentivar a sua disseminação.

    Representei o Brasil na 15ª edição da D'Days (www.ddays.net), entre 1º e 7 deste mês, para lançar uma coleção inspirada na cultura do Jalapão (Tocantins), e nas tradições do capim dourado.

    Esse festival de design estimula o convívio com a cidade, espalhando-se em quatro regiões principais, onde galerias com edições limitadas, lojas, museus e universidades criam conteúdos para atrair o público.

    O Think Life - Fórum de Design Internacional ocorreu no bairro do Marais, com palestras e exposições. Estudantes da escola suíça Ecal, por exemplo, fizeram uma reflexão sobre a selfie, o ego e o papel da autoimagem digital na atualidade, com instalações e objetos interativos feitos de "metralhadoras paus de selfies" de madeira e espelhos.

    O designer carioca David Elia, conhecido pelas criações de design político (que carregam questões como violência, segurança e tráfico de drogas), apresentou no Museu de Artes Decorativas a sua cadeira-denúncia "Desmatamento", que fala sobre as ameaças à mata atlântica.

    Aqui tem cinema, música e gastronomia de primeira, e tem um sistema exemplar de carro elétrico público compartilhado.

    Paris está longe de ser um lugar perfeito, mas me ensina que, de modo organizado e com os devidos estímulos de um governo que se preocupa com educação, a criatividade é o maior propulsor da inovação e da cidade do futuro.

    guto requena

    Escreveu até novembro de 2015

    É arquiteto graduado pela USP.

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