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    Guto Requena

    Homem-fabricante

    19/07/2015 01h30

    Acontece no térreo da Escola da Cidade, em São Paulo, uma pequena -porém grandiosa- exposição. Parada obrigatória para aqueles que amam arquitetura e design e se interessam pelos rumos que tomarão nos próximos anos. A exposição mapeia de forma inédita laboratórios de fabricação digital (os chamados "FabLabs") e seus profissionais (os "Makers") no Brasil e na América Latina, que se dedica a experimentar em projetos de interação, impressão 3D e design paramétrico (que depende de dados). Muitos desses profissionais atuam no limite entre arte, espaço construído e a cidade.

    "Homo Faber - Digital Fabrication in Latin America", com curadoria de David Sperling e Pablo Herrera, vai até o dia 31 de julho, e acontece vinculada ao "Caad Futures", um dos mais relevantes congressos científicos ligados à teoria, pesquisa e prática com as novas tecnologias digitais, que acontece a cada dois anos e que, pela primeira vez, foi sediado no Brasil, no Masp (Museu de Arte de São Paulo), neste mês, com apresentação de artigos acadêmicos e palestras com nomes como a holandesa Caroline Bos, do UNStudio.

    "Homo Faber", termo cunhado pelo teórico de novas mídias Vilém Flusser, apresenta trabalhos como o Dysgraphia, dos chilenos do gt2P (Great Things to People), que "hackearam" o código de arquivos enviados para impressoras 3D, gerando objetos com formas descaracterizadas, expondo a fragilidade do nosso fascínio em trazer objetos virtuais ao mundo concreto.

    Há também o pavilhão Slice, do grupo de pesquisa Nomads, da USP - São Carlos, criado com ferramentas digitais paramétricas e que explora geometrias complexas e fabricação digital. O projeto do FabLab flutuante no rio Amazonas, do FabLab Lima (Peru), pretende dar acesso às inovações tecnológicas e sociais às comunidades ribeirinhas.

    O futuro chegou e ele esboça caminhos em que prefiro acreditar (otimista que sou), que podem ser afetivos e nos levarão a locais nunca antes navegados. As tecnologias digitais permitem um novo criar, um novo fazer, pensar num planeta em que ainda resta alguma esperança. É a tecnologia aliada ao pensamento e ao coração.

    guto requena

    Escreveu até novembro de 2015

    É arquiteto graduado pela USP.

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