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    Hélio Schwartsman

    "Big data" no sexo

    31/01/2015 02h00

    SÃO PAULO - Aos poucos o "big data", a ciência feita a partir das megabases de dados disponíveis na internet, vai nos ensinando mais sobre nós mesmos e a espécie a que pertencemos. Os resultados mais bacanas vêm das áreas que tínhamos dificuldade de acessar por métodos clássicos, que são aquelas em que tendemos a esconder a verdade, dos outros e até de nós mesmos. Isso torna o sexo um candidato perfeito a ser escrutinado pelo "big data".

    É exatamente isso o que o economista Seth Stephens-Davidowitz está fazendo. Ele usa as buscas que as pessoas fazem no Google para encontrar respostas para questões de sexualidade que não são bem cobertas por pesquisas. Já escreveu dois bons artigos para "The New York Times" e prepara um livro sobre o assunto.

    No primeiro dos textos, ele tenta decifrar a proporção de gays entre os norte-americanos, que, pelas estimativas históricas, varia entre 2% e 10%. O modelo de Stephens-Davidowitz sugere que 5% dos homens nos EUA são predominantemente homossexuais, mas o mais interessante é que boa parte prefere ficar no armário. Isso é especialmente verdade nos Estados mais conservadores do sul do país. Mais, um número nada desprezível deles é casado –e com uma mulher. A busca mais popular no Google que começa com a expressão "meu marido é" é seguida pela palavra "gay", que desbanca "traidor", "alcoólatra" e "deprimido".

    No outro texto, que saiu no sábado passado, Stephens-Davidowitz mostra que os clichês são assustadoramente reais. Todo o mundo exagera um bocado sua vida sexual e a principal preocupação dos homens em relação ao sexo é com o tamanho de seus pênis. As mulheres quase não ligam para as dimensões do órgão masculino; estão mais interessadas em descobrir formas de recauchutar seus próprios seios e nádegas.

    Não é preciso "big data" para prever que o livro de Stephens-Davidowitz vai vender horrores.

    hélio schwartsman

    É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
    Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.

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