A conjunção das crises econômica e política está tirando o pão da boca do brasileiro, mas não podemos nos queixar de que tenhamos ficado sem circo. Desde meados da semana passada, estamos sendo regalados diariamente com lances de um grande espetáculo político, que inclui prisões espetaculares, votações decisivas e decisões judiciais dramáticas.
Em relação ao gênero, a marca é a copiosidade. Alternamos entre a ópera-bufa, em que personagens burlescos oferecem explicações satíricas para suas ações (gesto humanitário, prêmio de sorteio), e a tragédia, já que as consequências da dupla crise são funestas.
E não se trata de uma trama vulgar. Ao contrário, o roteiro é dos mais sofisticados. As prisões são competentemente coreografadas pela Polícia Federal e vêm num "timing" cuidadosamente calculado pelo Ministério Público para manter o máximo de suspense. A narrativa é complexa, trazendo pistas que mesmo espectadores não ingênuos não sabem dizer se são verdadeiras ou falsas.
Continuar lendo
Eu me estapearia se eu defendesse há dez anos o que eu defendo hoje: o voto não é um direito ordinário, é um direito que trás inúmeras responsabilidades. Portanto, para se ter direito ao voto para cargos importantes, como presidentes, governadores, deputados e senadores, deveria existir um vestibular. Se o eleitor tirar zero, poderá, no máximo, votar pra síndico do prédio. Esses políticos sacripantas só estão no poder porque representam fielmente a burrice, irresponsabilidade e leniência do povo