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    Hélio Schwartsman

    Segundo turno instantâneo

    18/10/2016 02h00 - Atualizado às 23h45
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    Gustavo Serebrenick/Brazil Photo Press/Folhapress
    Marcelo Crivella e Marcelo Freixo, candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro, durante debate do segundo turno realizado pela Tv Bandeirantes
    Marcelo Crivella e Marcelo Freixo, candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro, durante debate da Band

    SÃO PAULO - Em tempos de ajuste fiscal e descrédito com a política, parece excessivamente pródiga a ideia de convocar o eleitor para comparecer à urna uma segunda vez, caso a sua cidade venha a realizar um segundo turno. Estamos aqui falando de custos nada desprezíveis —só a parte operacional de um pleito subtrai entre R$ 450 milhões e R$ 500 milhões aos cofres públicos— e da chateação que é interromper o lazer do domingo para ir votar.

    A exigência fica ainda mais incompreensível quando se considera que existem sistemas de votação que permitem obter um resultado parecido com o do sufrágio em dois turnos exigindo só uma visita à urna. Um dos mais fáceis de explicar e que já foi testado em alguns países é a votação preferencial, às vezes também chamada de segundo turno instantâneo.

    Nele, o eleitor ordena os candidatos segundo sua preferência. Caso nenhum dos postulantes seja a primeira escolha de mais de 50% dos votantes, procede-se a um returno virtual em que o candidato que ficou em último lugar é eliminado de todas as cédulas (em qualquer posição em que ele estivesse) e elas são recontadas. O processo segue até que alguém obtenha a maioria absoluta.

    A principal vantagem desse sistema, além da economia de recursos e tempo, é que ele permitiria pôr fim a uma incômoda distinção que a legislação atual faz entre os cidadãos dos 92 municípios com mais de 200 mil eleitores, que vivem sob o mais democrático sistema de dois turnos, e os das 5.478 cidades com menos, que precisam se conformar em ser eventualmente governados por administradores que não contam com a preferência da maioria dos eleitores.

    Desvantagens também existem. Eliminar o segundo turno, que amplia a campanha e iguala os tempos de TV, dando mais chance ao candidato que chega em segundo lugar, acabaria favorecendo partidos do "statu quo". O bônus da mudança, porém, me parece maior que o ônus.

    hélio schwartsman

    É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
    Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.

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