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    Hélio Schwartsman

    Não passarão

    15/03/2017 02h00

    Michel Euler/AP Photo
    Far-right leader presidential candidate Marine Le Pen gestures as she speaks during a conference in Lyon, France, Sunday, Feb. 5, 2017. Britain's decision to leave the European Union and the election of U.S. President Donald Trump have given the French a "reason to vote" because it can result in real change, the top lieutenant of far-right French presidential candidate Marine Le Pen declared Sunday ahead of her long-awaited speech. (AP Photo/Michel Euler) ORG XMIT: MEU111
    A candidata à Presidência da França Marine Le Pen

    SÃO PAULO - Geert Wilders, hoje na Holanda, Marine Le Pen, no mês que vem na França, Frauke Petry e a turma do Alternative für Deutschland, em setembro na Alemanha, Jair Bolsonaro, em 2018 no Brasil. Depois de Donald Trump, o mundo se preocupa com a ascensão de líderes populistas da extrema direita.

    Não há dúvida de que o planeta se torna um lugar pior sempre que esse tipo de gente chega ao poder, mas me parecem exagerados os temores dos que vislumbram uma onda fascista global. É verdade que Trump, que nem chega a ser um extremista, venceu, mas isso não nos autoriza a concluir que os outros líderes acima mencionados ou mesmo a maior parte deles repetirá os passos do americano. Ouso até prognosticar que não.

    É fato que a proverbial ignorância das massas, a força sedutora do populismo e vieses xenófobos dos quais a humanidade deveria envergonhar-se contribuíram para a vitória de Trump, mas o que se mostrou decisivo para que ele chegasse à Casa Branca foi o anacrônico sistema eleitoral americano, que permite que o candidato derrotado no voto popular triunfe no colégio eleitoral.

    Na maior parte do mundo democrático, vigoram sistemas que, se não eliminam, limitam a possibilidade de aventureiros sem o apoio da maioria vencerem o pleito. No presidencialismo, a principal válvula de segurança é o segundo turno, existente tanto na França como no Brasil. Onde ele não está previsto, aumentam mesmo as chances de prototiranos se instalarem no poder, como foi o caso de Rodrigo Duterte nas Filipinas.

    Já no Parlamentarismo, essas figuras e seus partidos até podem obter mais votos que seus adversários, mas, para efetivamente governar, precisam compor com outras forças, o que ou os tira do páreo ou exige que moderem suas posições.

    Nos EUA, o controle da palatabilidade dos candidatos era feito pelos partidos, não pelo sistema de votação. Foi isso que deu errado.

    hélio schwartsman

    É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
    Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.

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