• Colunistas

    Friday, 03-May-2024 06:36:02 -03
    Hélio Schwartsman

    Vitórias do passado

    31/03/2017 02h00

    Christopher Furlong/AFP
    Britain's Prime Minister Theresa May, signs the official letter to European Council President Donald Tusk, invoking Article 50 and signalling the United Kingdom's intention to leave the EU, in the cabinet office inside 10 Downing Street on March 28, 2017.. British Prime Minister Theresa May will send a letter to EU President Donald Tusk with Britain's formal departure notification on Wednesday, opening up a two-year negotiating window before Britain actually leaves the bloc in 2019. / AFP PHOTO / POOL / CHRISTOPHER FURLONG ORG XMIT: 700026409
    Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, assinou nesta terça (29) carta que dá início ao "brexit"

    SÃO PAULO - O Reino Unido deu início ao processo de divórcio da União Europeia. Terá agora dois anos para negociar com a ex os ajustes necessários para que cada lado possa seguir com a própria vida.

    O que o Brexit, Trump e a resistência à reforma da Previdência têm em comum? Eles todos podem ser classificados como apostas no passado em detrimento do futuro.

    Com efeito, os 52% de britânicos que aprovaram a saída da UE podem ter imaginado que votavam pela retomada de tempos gloriosos, nos quais o povo decidia seu próprio futuro sem a interferência de estrangeiros e em que os bons empregos não eram roubados por imigrantes. Isso, porém, não passa de uma ilusão.

    Na realidade, ao abandonar a UE, os britânicos põem travas às suas perspectivas econômicas. Não será fácil para as empresas locais perder acesso ao mercado da UE, composto por 500 milhões de consumidores de médio e alto poder aquisitivo. O fechamento do país à imigração cria mais dúvidas. O que os britânicos farão para lidar com o problema do envelhecimento populacional?

    Também Trump promete "fazer a América grande de novo". Só que vai ser difícil cumprir esse objetivo erguendo barreiras protecionistas. Vale lembrar que as empresas americanas estão entre as que mais se beneficiam com a globalização. No mais, os empregos dos quais os eleitores de Trump têm saudades não foram perdidos só para a concorrência estrangeira e para imigrantes, mas principalmente para a tecnologia. Trump vai banir robôs e computadores?

    Por aqui, os que resistem a uma reforma da Previdência seguem na mesma toada, já que, se nada for feito, em 2060 as aposentadorias estarão drenando 20% do PIB do país.

    É compreensível que, nestes tempos de mudanças rápidas, as pessoas tenham medo do que está por vir e se aferrem a um passado idealizado. Só que apostar contra o futuro é algo que simplesmente não funciona.

    hélio schwartsman

    É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
    Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024