• Colunistas

    Thursday, 02-May-2024 23:06:07 -03
    Hélio Schwartsman

    A fila anda

    11/07/2017 02h00

    Pedro Ladeira 4 abr. 2017/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 04-04-2017, 19h00: Plenário da câmara dos deputados durante votação de projeto que cria regras para utilização de aplicativos de transporte individual, como o Uber. O autor do projeto é o dep. Carlos Zaratini (PT-SP) e o relator o dep. Daniel Coelho (PSDB-PE). O dep. Rodrigo Maia )DEM-RJ) preside a sessão. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Rodrigo Maia, presidente da Câmara, durante sessão em abril

    SÃO PAULO - Um problema de cada vez. É claro que Rodrigo Maia só é o presidente dos sonhos dele mesmo e talvez de alguns parentes. Além de seu nome já ter aparecido na Lava Jato —é assustador que os deputados tenham escolhido alguém sabidamente envolvido no escândalo para liderá-los—, ele não parece ter o traquejo nem a tarimba necessários para exercer bem o cargo. Mas a questão fundamental que se coloca agora diante da Câmara dos Deputados (e da sociedade) não é "quem queremos colocar na Presidência", mas sim "vamos ou não tirar Temer".

    Se quisermos nos ater às regras do jogo democrático, como defendo que façamos, a opção por remover o presidente do cargo já implica sua substituição por Maia, ainda que temporariamente. Não dá para escolher uma outra pessoa sem rasgar a Constituição. Quem é "fora, Temer" e não é golpista é "Maia lá", por doloroso que seja admiti-lo. O problema central, portanto, é determinar se, a essa altura, é melhor para o país que Temer fique ou saia.

    Embora eu reconheça que o peemedebista vinha, na área econômica, fazendo uma administração coerente, que preparava o terreno para a retomada do crescimento, ele foi engolido por faltas éticas que, vamos dizer a verdade, não deveriam surpreender ninguém. Já desde antes do impeachment de Dilma Rousseff eu alertava que um governo encabeçado por Temer e próceres do PMDB poderia ter problemas policiais, hipótese em que também deveria ser substituído.

    Minha sensação é a de que Temer não só perdeu o capital político que lhe permitiria tentar arrumar a economia como agora, ao empenhar a caneta presidencial em agarrar-se ao cargo, começa a trabalhar contra a recuperação. Assim como a troca de Dilma por Temer trouxe certo alento às contas públicas, a substituição do ex-vice pelo nome seguinte na fila tende a desanuviar o ambiente.

    hélio schwartsman

    É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
    Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024