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Estudantes fazem protesto pela adoção de cotas na USP |
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Colunistas
Tuesday, 30-Apr-2024 15:00:15 -03Hélio Schwartsman
Cotas na USP
15/07/2017 02h00
SÃO PAULO - Não concordo, mas compreendo a posição dos que defendem cotas raciais, como as adotadas pela USP. Comecemos pelos pontos em comum. Penso que a diversidade é um valor desejável na universidade. O sujeito que só conversa com gente que pensa igual a ele fica com os horizontes limitados.
Também desconfio do discurso da meritocracia. Não é que não existam razões para tentarmos selecionar os candidatos mais preparados, mas elas estão mais relacionadas com a eficácia na alocação dos recursos (quanto mais competentes forem os médicos que formarmos, melhor para o país) do que com a ideia de justiça. Não há mais mérito em ser inteligente do que em nascer bonito, por exemplo. Ambas as características têm mais a ver com a loteria cósmica do que com esforços individuais.
Outra convergência é a de que é moralmente errado julgar uma pessoa a partir de traços fenotípicos. Essa generalização indevida e injusta é que torna o racismo condenável. Até os mais entusiasmados defensores de cotas admitem que há problemas em distribuir vagas valendo-se de critérios raciais. Não é por outro motivo que sustentam que cotas devem ser uma política transitória, a vigorar até que as diferenças entre os grupos diminuam, e não permanente.
O que me separa dos militantes do movimento negro é que eu acho que a alocação de recursos com base em fenótipos é ruim o bastante para tentarmos evitá-la ao máximo. A ideia de que comitês estatais possam decidir se um aluno terá ou não vaga na universidade devido a características raciais parece a mim, descendente de judeus perseguidos pelo nazismo, especialmente odiosa.
O fato de haver uma alternativa, que são as cotas sociais definidas por renda, um critério objetivo, mensurável e que já subsume a população negra e parda que queremos beneficiar, só reforça minha posição. É porque o racismo é errado que as cotas raciais deveriam ser evitadas.
É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
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