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    Hélio Schwartsman

    A fórmula chinesa

    27/10/2017 02h00

    Lan Hongguang/Xinhua
    (171025) -- BEIJING, Oct. 25, 2017 (Xinhua) -- Xi Jinping, general secretary of the Communist Party of China (CPC) Central Committee, who is also Chinese president and chairman of the Central Military Commission, meets with delegates, specially invited delegates and non-voting participants of the 19th CPC National Congress at the Great Hall of the People in Beijing, capital of China, Oct. 25, 2017. (Xinhua/Lan Hongguang) (wyl)
    O presidente chinês, Xi Jinping

    SÃO PAULO - A China vai virar uma democracia? Liberais, especialmente os da vertente institucionalista, apostam que ou ela se transforma numa sociedade aberta ou verá o fim de sua pujança econômica. Pequim, porém, parece empenhada em desmentir os liberais.

    Um resumo rápido do último quinquênio sob a liderança de Xi Jinping é que o dirigente, que acaba de ser escolhido para permanecer mais cinco anos à frente do PC chinês, conseguiu concentrar poderes e sufocar as tímidas tentativas de abertura, tudo isso sem ameaçar o crescimento.

    Os liberais, porém, não precisam, por enquanto, atirar a toalha. Como nunca deram um prazo preciso para que sua profecia se concretizasse, não foram formalmente contraditados. É até possível que tenham razão e que, em horizontes mais dilatados, a China ou promova uma abertura ou sofra um apagão econômico.

    O pressuposto teórico dessa tese é bastante razoável. A prosperidade sustentável, afinal, depende de um fluxo constante de inovações e ganhos de produtividade que são coibidos quando indivíduos não podem trocar ideias livremente.

    Dá para construir uma boa argumentação mostrando que esse foi um grande problema na antiga URSS e contribuiu para seu ocaso econômico. Basta lembrar o atraso do país no campo da biologia, em larga medida determinado pelas preferências ideológicas de Trofim Lysenko, que era muito mais um burocrata poderoso do que um cientista interessado em descobrir como a natureza funciona.

    O ponto central é descobrir se a liberdade é condição necessária para o desenvolvimento científico e econômico ou só um tempero desejável. Gostaria de acreditar na primeira alternativa, mas receio que ela não passe de um "wishful thinking" liberal. Não me parece "a priori" impossível criar um sistema fortemente autoritário na política e suficientemente liberal nas áreas científicas. A China pelo menos tem conseguido.

    hélio schwartsman

    É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
    Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.

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