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    Heloísa Negrão

    "Eu me fantasio de moda", diz Costanza Pascolato

    15/02/2013 12h38

    Saber me arrumar foi o que "me salvou na vida", diz Costanza Pascolato, 73, sobre a importância da roupa, da maquiagem e do cabelo em ordem na vida das mulheres.

    A consultora de moda e empresária vê o estilo como uma linguagem a ser usada de acordo com o local em que se está. "Eu me fantasio de moda ou de inovadora dependendo do lugar", afirma Costanza.

    Vestida com calça e blusa pretas, cobertas por um blazer estampado, e sandálias de salto baixo, ela diz que essa é sua roupa do dia a dia. Sob os eternos óculos escuros é possível ver os olhos delineados de maneira "dramática", outro look "rotineiro"de Costanza.

    Ela falou com a coluna durante o lançamento da nova linha de esmaltes da Risqué, na semana antes do Carnaval.

    Márcio Schimming/Divulgação
    Costanza Pascolato em lançamento de nova coleção de esmaltes
    Costanza Pascolato em lançamento de nova coleção de esmaltes

    A moda brasileira ainda sofre os efeitos da crise econômica mundial?

    Costanza Pascolato - É um país em desenvolvimento. Nossa história é muito recente. O país está em ascensão e lá fora eles estão descendendo. Os jovens na Europa estão sentindo um espírito de decadência no pensamento. E, no Brasil, acontece o contrário, a nossa moda é olhada pelos outros como a representação desse espírito alegre, sensual, novidadeiro e aspiracional. Os países que já tiveram tudo, você acha que eles aspiram à alguma coisa?

    Ao blog Garance Doré, a senhora falou sobre a despersonalização das modelos. O que isso significa?

    Nos 90, a moda precisava das modelos superstars para sair do gueto. Sobretudo porque nos 90 havia o domínio absoluto das revistas impressas e isso mudou com a internet. A moda é um retrato do momento, naquela época as marcas precisavam dessas grandes modelos para serem mais populares entre o grande consumidor. Também foi nos anos 90 que as lojas "fast fashion" explodiram, imitando a passarela. Antes, as lojas de preços acessíveis nem olhavam para os desfiles. As super modelos ajudaram a popularizar os desfiles, e isso fez com que fast fashion pegasse no tranco, sobretudo a Zara.

    E hoje a modelo precisa sumir na passarela?

    Precisa, porque a roupa não tem muito mais novidade. A gente já viu tudo. E não é o momento de botar roupa revolucionária para fazer um espetáculo.

    Por quê?

    Ninguém usa. Em 1980 e 1990, a gente usava modelos mais ousados, agora ninguém mais quer, a não ser aquelas pessoas que gravitam em volta [do mundo fashion]. Eu me fantasio de moda quando vou para lá [desfiles fora do Brasil]. Por que no dia a dia a coisa é mais simples.

    Enquanto as mulheres francesas são vistas como elegantes, na sua opinião, a mulher brasileira vai ser sempre vista como sexy ou periguete?

    A periguete é uma fase. É o novo e você exagera no novo para depois encontrar o meio termo. Eu fui a quatro eventos na semana passada e, em todos eles, todas as mulheres estavam vestidas iguais: mesmo cabelo, mesmo salto. É um momento, depois cada uma vai encontrar o seu caminho.

    Alguns livros, como "O Capital Erótico", têm abordado a importância da beleza e da elegância como uma arma de sucesso profissional para as mulheres. Qual sua opinião sobre isso?

    Eu acho que quando você olha uma mulher que está bem resolvida visualmente, você imagina que ela seja mais articulada. O que não é sempre verdade. Eu me fantasio de moda ou de inovadora dependendo do lugar. Mas eu sei bem como lidar com essa linguagem. E foi o que me salvou na vida.

    heloísa negrão

    Escreveu até setembro de 2016

    Boniteza

    É formada em jornalismo pela PUC-SP e em ciências sociais pela USP. Foi editora-adjunta de Novas Plataformas e repórter da revista sãopaulo.

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