Alguns anos dividem a sombra laranja de gosto duvidoso, usada na minha festa de 16 anos, dos elogios que recebi pelo traço do delineador na semana passada. Sendo que nos últimos dois anos, graças às matérias que tenho feito para a coluna Boniteza, a minha automaquiagem melhorou significantemente.

Na segunda-feira (28), a Boniteza completa dois anos (veja aqui a primeira) e o texto de hoje vai ser em primeira pessoa. A ideia é dividir com as leitoras alguns truques que eu aprendi nesse tempinho observando maquiadores e cabeleireiros trabalharem.

Mas antes, um detalhe sobre o traço do delineador, que ainda não está longe de ser certinho: "treino" no mínimo três vezes por semana.

COSTAS DA MÃO

As "costas" das mãos são uma entidade na maquiagem. A maioria quase absoluta dos maquiadores usa essa parte do corpo como uma bandeja de tinta, onde colocam a base antes de aplicar na pele ou tiram o excesso da sombra do pincel. Também serve de apoio na hora de aplicar delineador em gel.

O pincel, depois de ser molhado no produto, não vai diretamente para o rosto. Um assopro, chacoalhada ou uma batidinha na embalagem do produto são técnicas usadas pelos profissionais para retirar o excesso de produto das cerdas. Uma sombra escura nunca vai diretamente do potinho para os olhos. Nunca.

PINCEL FOFINHO

"Comprei uma sombra escura, mas não consigo usar." Já ouvi essa reclamação várias vezes. Sombra escura é complicada de ser passada com o dedo ou com aquela esponjinha que vem na embalagem. Um dos segredos dos olhos esfumados é o pincel de côncavo.

Super fofinho, ele encaixa no olho e marca exatamente o côncavo (parte "funda" da pálpebra) e é essa região mais escurecida que dá o "tchan" dos smoky eyes.

Além disso, pode ser usado para passar uma sombra clara em toda a pálpebra, porque espalha bem o produto e não deixa marcado. Por esse mesmo motivo, tem maquiador que aplica até corretivo líquido com ele.

NUDE

Lembro, na adolescência, de sair com a minha mãe para comprar um batom cor de boca. Ela comprou vários, nunca no tom certo, era sempre claro ou escuro demais. Isso faz bons anos, quando "nude" ainda era chamado de bege. A indústria de maquiagem nacional mudou muito desde então.

Parece, porém, que algumas marcas cometem o mesmo erro que a minha mãe. Nenhum batom pode ser chamado de cor de boca, muito menos de "nude" (nu, em inglês), simplesmente porque a cor da boca varia com a cor da pele. Cada uma precisa achar um "nude" para chamar de seu -- e as marcas devem oferecer vários tons, do bege mais claro ao marrom mais escuro.

	Heloísa Negrão/Folhapress
	Vários tons de batons "cor de boca"

A TAL DA PROGRESSIVA

Progressiva é pior que casamento, porque dela não se divorcia. Mesmo com a quantidade permitida de formol, uma vez lisa, nunca mais seus cachinhos irão voltar.

Eu testei algumas progressivas chamadas de "naturais" (dessas que dizem que podem ser usadas até por grávidas e crianças). A ideia era: se meu cabelo voltar ao normal depois de alguns meses, faço uma reportagem. Nada feito, nunca mais meu cabelo voltou a ser o mesmo. Os cachos até tentam se recuperar, o volume reaparece aos poucos, mas para voltar ao que era antes tive de apelar para a tesoura.

Porém, métodos de alisamento não precisam ser vistos só como vilões. Wilson Eliodorio, cabeleireiro da Taís Araújo (e ferrenho defensor dos cabelos enrolados), disse que usa relaxamentos de maneira "homeopática". Sua assistente ostenta um cabelo curto e super cacheado. Ninguém diz, mas, para compor esse look, Eliodorio usou creme relaxante em mechinhas ao redor do rosto e em cima da orelha para criar uma "moldura" no rosto dela e deixar os fios com um caimento melhor.

CABELO DA GISELE

Cabeleireiros gastam um bom tempo enrolando o cabelão das modelos em baby-liss para depois escovarem todos os cachinhos feitos. É sempre assim quando querem criar um look à la Gisele, com ondas e volume.

Tem jeito certo até para desmanchar os cachos: usam uma escovinha, que parece da vovó.

PS: E vocês leitoras e leitores, dicas ou dúvidas que gostariam de ver na Boniteza? Por favor, escreva para heloisa.negrao@grupofolha.com.br