• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 10:54:03 -03
    Heloísa Negrão

    Confira dicas de quem é craque na automanicure

    30/04/2014 13h45

    Nos idos dos anos 90, nada me impressionava mais do que a habilidade da tia Maria Elisa em fazer suas próprias unhas. Suas mãos roubavam a cena até mesmo quando o Zé do Caixão e suas garras apareciam na TV anunciando algum filme de terror (que assistíamos juntas).

    Perdi a conta de quantas vezes perguntei como ela conseguia passar esmalte na mão direita tão bem, sem borrar demais e ainda limpar os cantinhos, com palitinho, algodão e acetona, com maestria. "Prática, minha filha. Com o tempo você também vai conseguir", dizia, enquanto fazia um sanduíche com os esmalte tom de areia e cintilante arroxeado para criar um cor diferente. Tempos aqueles em que o esmalte azul não era protagonista da novela das nove.

    Corta a cena. Voltamos para 2014, e ouço uma conversa parecida com a que eu tinha com a minha tia. "Fica perfeito! Igual de manicure! Olha! Ah, eu não consigo fazer!", dizia uma amiga para outra (que tinha acabado de pintar as suas próprias unhas).

    "Se eu fosse a manicure todas as vezes que eu trocava de esmalte na juventude, teria ido a falência", relembra a consultora de estilo Cristiane Siviero, que faz as próprias unhas desde os 18 anos. Ela é radical no quesito unhas bem feitas. "Ficar com as unhas descascadas é igual a ir para uma reunião com um alface no meio dos dentes depois do almoço", afirma. "As mãos falam por você, o seu interlocutor vai reparar mais no seu esmalte do que no brinco que você está usando", afirma.

    Cristiane não perdoa as clientes que dizem não ter tempo para fazer as unhas. "Olha ao seu redor, as pessoas que estão com as unhas pintadas também não têm tempo, mas dão um jeito", afirma.

    Ela mesma impôs ao marido e filha sua rotina de automanicure. "Faço no banheiro ou no quarto. Meu marido e minha filha respeitam e não me chamam para nada. É um tempo que eu tiro pra mim", afirma. Cris faz o serviço completo aos domingos e nas quintas, troca de esmalte.

    Esse tempo normalmente é antes de dormir, "enquanto a maioria das pessoas está vendo fofoca no Facebook", brinca. Para evitar que a unha fique com aspecto "amassado" (já que ela dorme logo depois), ela prefere esmaltes com secagem rápida. Se amassar, "passo um extra-brilho rapidinho, durante o café da manhã", diz.

    Cristiane Siviero
    A consultora de moda Cristiane tem um armário só para guardar seus apetrechos para as unhas
    A consultora de moda Cristiane tem um armário só para guardar seus apetrechos para as unhas

    A consultora dá uma dica valiosa. "Eu corro tanto, que me dou o luxo de sempre comprar um alicate novo ao invés de mandar afiar", diz. O gasto é menor do que parece. Ela diz comprar um alicate novo uma vez por ano. "Outro problema é que quando mandamos afiar as partes ficam desiguais. Prefiro o aquele que vem de fábrica", diz.

    Andrea Yamagishi, 28, abandonou a manicure e os alicates há quase três anos. Agora ela ostenta uma coleção de cremes para cutículas. "A cutícula, quando não tirada, fica lisinha, sem rebarbinhas", afirma. Ela conta que usa esmaltes escuros normalmente e consegue limpar os cantinhos com os palitos sem problemas, pois a pele está bem hidratada.

    Andrea pesquisou e descobriu que não cortar as pelinhas é um hábito saudável (afinal, elas são uma proteção natural para o corpo). Ela também fez as contas e viu que economizou: "na época, cada ida ao salão custava R$12 e, duas vezes por mês, fazia o pé também, mais R$18. Fazendo as contas, eu calculo que deixei de gastar uns R$1.134 por ano. Se corrigidos pela inflação, chega a quase R$ 3.700 em três anos", conclui.

    Quase vinte anos depois, se juntássemos várias mulheres, a tia Maria Elisa e o Zé do Caixão, ela ainda ganharia a maioria das atenções.

    heloísa negrão

    Escreveu até setembro de 2016

    Boniteza

    É formada em jornalismo pela PUC-SP e em ciências sociais pela USP. Foi editora-adjunta de Novas Plataformas e repórter da revista sãopaulo.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024