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    Henrique Meirelles

    Lições na avenida

    DE SÃO PAULO

    02/03/2014 03h02

    Como já comentei em outros Carnavais, os desfiles das escolas de samba deslumbram não só pelo espetáculo de ritmo e emoção, mas também por sua organização. Experiências e estudos sobre o tema trazem muitas lições para a administração em geral.

    Como uma escola de samba, toda organização tem que levar em conta a cultura e as condições em que opera. É muito importante que cada participante se sinta motivado e tenha poder de decidir e atuar no seu próprio ritmo, mas sempre dentro de uma cadência geral, dada, no samba, pela música e pela bateria. Há também nos desfiles clara definição de setores e líderes, que dão ordem e sentido ao todo.

    O papel dos líderes nas organizações é fundamental e merece ser aprofundado.

    Muitas pessoas acham que o líder nasce feito. A vida prática e estudos mostram, porém, que líder é aquele que aprende a exercer a liderança por meio da experiência.

    A liderança é baseada no autoconhecimento e na capacidade de refletir sobre si mesmo e sobre os outros. E os líderes nem sempre têm as respostas. Na realidade, sua força vem da habilidade de ouvir e de perguntar. Uma frase resume bem esse conceito: O líder não é aquele que tem todas as respostas, mas o que tem as perguntas mais importantes.

    Os líderes são eficazes menos pelo poder e pelo que sabem e mais pela maneira como ouvem, tomam decisões e fazem as pessoas se sentir na sua convivência.

    Os líderes de sucesso são muito conscientes do impacto de seu comportamento na organização. Eles são capazes de se afastar da ação e analisar o que está ou não está funcionando.

    Querem sempre saber os porquês e que tipo de comportamento ajuda ou atrapalha.

    É muito importante que o líder seja exigente. E que a exigência seja maior consigo mesmo do que com os demais, para, a partir daí, liderar por resultado.

    É fundamental, portanto, que as organizações não só disponham da liderança correta, prática e com foco no resultado, mas que essa liderança também seja inspiradora e visionária.

    Aprendi através dos anos que as pessoas esquecem o que você diz e o que você faz, mas não esquecem como você as faz sentir sobre si mesmas.

    A escola de samba é um bom exemplo de tudo isso. Quem participa sente entusiasmo e engajamento e tem espaço para desfilar seu talento e sua criatividade de forma coordenada com os demais membros da organização.

    Ao assistir aos desfiles deste ano, vale refletir sobre como aquela explosão de ritmo, alegria e entusiasmo é também uma lição de gestão e liderança. Bom Carnaval.

    henrique meirelles

    Escreveu até maio de 2016

    É presidente do Conselho da J&F. Foi presidente do Banco Central de 2003 a 2010.

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