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    Igor Gielow

    A solução petista

    07/02/2015 02h00

    BRASÍLIA - Como seria previsível, o PT na sua festa de 35 anos ofertou ao governo Dilma a saída da radicalização para enfrentar a crise existencial que se abate sobre o partido e sua gestão na esfera federal.

    Seus caciques defenderam João Vaccari Neto, o tesoureiro mais do que suspeito segundo a Polícia Federal apura, e o próprio acusou o famoso golpe das elites contra o probo governo dos trabalhadores ao ser apontado como parte da gatunagem que assola a Petrobras.

    É uma furada. Um filme velho que remonta a 2004, quando na comemoração dos 24 anos do petismo foi feita a defesa de José Dirceu, acertado pelo petardo Waldomiro Diniz (o seu faz-tudo no Congresso, pego cobrando propinas, sempre elas).

    A narrativa ganhou corpo em 2005, com a reação à revelação do mensalão. "Todo mundo faz caixa 2", disseram Lula e o PT. O STF não comprou a balela e a cúpula do partido, Dirceu à frente, foi parar na cadeia.

    O que ouvimos de Lula e companhia agora? Que o financiamento de campanhas pelas empreiteiras investigadas no escândalo da Petrobras era legal e para todos os partidos, como se o PT e aliados fossem virgens a passear em um prostíbulo.

    Há duas mistificações aqui. Empreiteiras doam para todo mundo, só que dão mais para quem está no poder e pode usar de esquemas de favorecimento. A graça da história é que a Lava Jato descobriu que propinas foram dadas dentro da lei.

    A segunda observação peca pela obviedade. Ainda que grana suja tenha abastecido aqui e ali partidos de oposição, o grosso absoluto do apurado aponta para o PT e os seus. A oposição não indicava diretores corruptos na Petrobras.

    Ao indicar Aldemir Bendine para descascar o abacaxi gigante da Petrobras, Dilma mostrou-se sozinha em suas opções. Resta saber se daqui para a frente ela irá seguir o receituário petista do negativismo e correr o risco de isolar-se ainda mais.

    igor gielow

    É repórter especial. Na Folha desde 1992, foi repórter, editor, correspondente, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasília. Escreve às quartas.

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