• Colunistas

    Friday, 03-May-2024 06:31:35 -03
    Igor Gielow

    Paradas táticas

    25/04/2015 02h00

    BRASÍLIA - A guerra aberta entre governo e oposição vive um momento de inflexão, no qual ambas as tropas buscam algum tipo de recomposição. As escaramuças assemelham-se mais a um jogo de xadrez.

    No campo oposicionista, engana-se quem pensa que a derrota de Aécio Neves sobre o "timing" do pedido de impeachment de Dilma Rousseff implica retirada permanente.

    Ocorreu o óbvio. O mineiro quer manter a pressão alta sobre o governo, e busca associar-se ao movimento para firmar sua posição ainda beneficiária do "recall" da eleição.

    Atraiu contra si os outros presidenciáveis tucanos, que ganham se a corda for afrouxada, tirando vapor da máquina de Aécio e empurrando o jogo para 2018. FHC acabou sendo juiz, involuntário ou não, da disputa.

    Apesar do fracasso do evento sobre o tema e a promessa de deputados de pedir o impeachment semana que vem, a ação só deve sair lá pelo fim de maio, quando os aecistas calculam haver uma nova onda de más notícias para Dilma: o TCU estará a analisar os depoimentos sobre as pedaladas fiscais, a Lava Jato seguirá seu curso, o PMDB permanecerá indócil e os efeitos do ajuste e da recessão deverão se mostrar maiores.

    Do lado do governo, uma reunião ministerial neste sábado está sendo vendida como o início de uma agenda positiva para o Planalto, após uma semana relativamente calma.

    Haverá fanfarra, mas falar em retomada dos investimentos com a economia deprimida requer os talentos de prestidigitação de um Arno Augustin para convencer a plateia.

    A dificuldade mais urgente para o Planalto é, na verdade, conter os efeitos da troca de cotoveladas entre Eduardo Cunha e Renan Calheiros no Congresso, que pode atrapalhar a aprovação de medidas do ajuste que dependam do Legislativo.

    Assim, se a reunião servir para melhorar o ânimo dos soldados, já estará de bom tamanho para o governo.

    A guerra, contudo, continua.

    igor gielow

    É repórter especial. Na Folha desde 1992, foi repórter, editor, correspondente, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasília. Escreve às quartas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024