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    Igor Gielow

    Ganhar a paz

    11/06/2016 02h00

    BRASÍLIA - Passado o armistício de 1918, o premiê francês Georges Clemenceau afirmou: "E agora cumpre ganhar a paz. Talvez seja mais difícil do que ganhar a guerra".

    Que o diga Michel Temer, completando neste domingo (12) o primeiro mês de seu turbulento mandato interino. O caminho para seu Tratado de Versalhes, se consumada a deposição constitucional de Dilma Rousseff, está sendo como previsto: cheio de recuos, percalços e mistificações.

    A mais recente é a quimera vendida pelo PT segundo a qual Dilma, reempossada, promoveria um plebiscito visando novas eleições. É um embuste típico, já usado como resposta aos protestos de junho de 2013, só para cair no esquecimento.

    Trata-se de fumaça, mas cujo odor agrada a quem não apetece tapar o nariz para a parte podre da gestão Temer, além da turma de sempre que vai em ordem unida para a Paulista. E irrealizável, para não falar nos aspectos legais, bastando analisar as votações no Congresso que demonstram até aqui coesão governista inédita nos últimos anos.

    Esse desempenho e a aprovação quase universal de sua equipe econômica, ao menos até quando começar a fazer maldades, garantem por ora o trânsito de Temer pela tormenta simbolizada pela Lava Jato.

    Falando nela, o vazamento do petardo de Janot contra o colégio de cardeais da política, peça que sem uma carga explosiva até aqui desconhecida parece tender à gaveta, marca uma inflexão na história da operação. Para qual lado, não se sabe, mas é certo que o vazamento logrou unir oposição, situação e Supremo.

    Se Temer sobreviver ileso pessoalmente ao tiroteio (e vem bala por aí, Odebrecht e OAS à frente), a economia confirmar a insinuação de reação e de alguma forma isso se reverter em melhoria na desgraceira da vida real do país, poderá talvez não repetir os erros de quase cem anos atrás e buscar termos palatáveis para sua propalada pacificação.

    igor.gielow@grupofolha.com.br

    igor gielow

    É repórter especial. Na Folha desde 1992, foi repórter, editor, correspondente, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasília. Escreve às quartas.

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