• Colunistas

    Saturday, 04-May-2024 21:47:18 -03
    Igor Gielow

    'Bad trip'

    18/06/2016 02h00

    BRASÍLIA - Quando o Brasil sair da "bad trip" glauberiana em que vive desde 2013, decorrente do esgotamento de seu modelo político, do abuso paroxístico das más práticas de sempre e da destruição da frágil estabilidade econômica, que país subsistirá? Quem irá liderá-lo?

    Este é o questionamento que as poucas cabeças dedicadas a não apenas se manter sobre o pescoço em Brasília fazem. Como elas pensam, não se rendem a prestidigitações milagrosas como eleições gerais agora, uma lindeza para quem quer ser enganado. Mas a angústia reina.

    Um princípio da "realpolitik" é o de mirar certo objetivo satisfazendo-se com a metade dele. É o que o governo interino tenta fazer, pagando o preço por erros que pareciam inimagináveis vindos de "profissionais", aspas óbvias. Ou talvez por isso.

    Mas e o tal futuro? Por corrupção, incompetência ou ambas as coisas, o nada impera num sistema de representação falho que espelha a nação. Quem sobra entre os que se dizem à esquerda? A histrionice dos Gomes? O insuperável Haddad, aquele para quem seus mortos de frio são "pessoas que passaram pelo óbito" (a passeio?), ou José Eduardo "Tomás Turbando" Cardozo, a "pura" Marina?

    No centro, já que ninguém fora os boitatás se assume conservador, quem surge? Tucanos ora enrolados em denúncia, ora em autofagia? Alguma "novidade do PMDB", como tentaram vender Eduardo Paes?

    Este vácuo é sintoma da doença d´alma de um país que expande gastos com educação e vê o desempenho de seus alunos minguar, onde todos anseiam pelo úbere do Estado, impotente contra epidemias, com uma guerra civil em suas franjas.

    Às vezes parece que o Brasil é a Bruxelas regida pelo Deus sacana e sádico do brilhante filme belga "O Novíssimo Testamento" (2015), dedicado a criar leis para atormentar sua criação. São décadas à frente. Com o que temos à mão, não é possível vislumbrar nenhum final feliz.

    igor.gielow@grupofolha.com.br

    igor gielow

    É repórter especial. Na Folha desde 1992, foi repórter, editor, correspondente, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasília. Escreve às quartas.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024