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    Jaime Spitzcovsky

    Tita, a campeã mundial

    13/01/2013 03h00

    Rojões ainda espoucavam no domingo histórico. O Corinthians havia conquistado o Mundial no Japão e, depois de passar pela avenida Paulista e pelo Parque São Jorge, resolvemos parar numa pet shop na marginal Tietê. Assim, o programa dominical estaria completo.

    Fizemos uma escala na feira de adoção no estacionamento da loja.Num ritual, minha filha Silvia e eu costumamos ir afagar os cães à espera de um dono e muitas vezes também doamos ração para a ONG que organiza a feira. E naquele 16 de dezembro não foi diferente.

    A manhã inesquecível, marcada pelo gol do peruano Guerrero, produziu uma euforia de efeito prolongado, que nos acompanhava também enquanto nos esgueirávamos entre gaiolas e cercados com animais para adoção. Foi então que lancei uma proposta para minha filha.

    Ilustração Tiago Elcerdo

    Lembrei que planejávamos adotar, em breve, mais um cão. Perguntei por que não adiantávamos a empreitada e, sob os fluidos da vitoria futebolística, já aumentávamos a matilha. Silvia logo concordou.

    Apesar da euforia, ainda mantínhamos traços de lucidez e seguimos nossos critérios de adoção. Buscamos animais que, pelo físico ou pela idade, tenham maior dificuldade para achar um novo lar.

    A gaiola parecia apertada para uma cadela preta, muito afável e que, por ser mais velha e ter porte levemente avantajado, encaixava-se em nossos padrões.

    Fizemos um test drive caminhando com ela pela pet shop. Mais eufórica do que nós, ela colocava, como que numa saudação, as patas dianteiras sobre barrigas humanas que passassem pela sua frente. Mostrava segurança e tranquilidade ao encontrar outros cachorros.

    Decisão tomada, preenchemos os documentos necessários e, antes de ir para casa, iniciamos o difícil processo de batismo. A homenagem saltava aos olhos. Queríamos marcar a conquista alvinegra. Nossa nova mascote recebeu o nome de Tita. Era para nunca esquecermos a alegria da "adotabilidade''.

    jaime spitzcovsky

    Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Na coluna, fala sobre relações internacionais, com atenção especial ao Oriente Médio. Escreve às segundas, a cada duas semanas.

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