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    Jaime Spitzcovsky

    O zoo de Pequim

    14/07/2013 02h30

    Escrevo este texto na trepidante Xangai. Passo férias na China, onde morei entre 1994 e 1997, como correspondente da Folha, e, de tempos em tempos, volto para acompanhar as mudanças gigantescas no país mais populoso do planeta. E, claro, avalio com olhos de jornalista habituado a cobrir os eventos políticos e de um amante de animais.

    Comecei a jornada pela capital Pequim, envolta num calor escaldante. Apesar do desafio, caminhei bastante e registrei uma saraivada de mudanças, como a impressionante metamorfose arquitetônica, cada vez mais futurista e capitalista. Vi, mais de uma vez, cães de estimação nas ruas pequinesas. Novidade que não havia percebido nem na minha ultima passagem por aqui, em 2007.

    Ilustração Tiago Elcerdo

    Nos tempos do comunismo ortodoxo, criar cães parecia um pecado ideológico. Afinal, por que alimentar um animal de companhia enquanto existem bocas humanas à espera de comida? Essa era a questão feita pelos comissários. Agora, a lógica mudou. Surgiram até mesmo pet shops pelas ruas da cidade. Em Xangai, topei com um chinês que levava seu collie a um passeio, sem coleira.

    O tema canino não deixa de ser polêmico por aqui. Folheava uma edição do "China Daily", jornal em inglês, e me deparei com uma coluna que reproduzia o debate sobre as restrições aos donos de cães, sobre a posse responsável e sobre o hábito, cada vez mais comum, de manter um cachorro em casa. Antes, cães eram vistos com mais frequência em cardápios de culinária.

    Visitei também o zoo de Pequim. Foi um passeio agradável, com instalações em geral adequadas e com oportunidade de observar animais raros em nossas terras. A área do panda é uma das mais disputadas. Percebi que, nos três anos da minha vida pequinesa, jamais havia visitado o centenário zoológico. Comentei a lacuna com um amigo que ainda vive na capital e ele comentou: "Naquele tempo, não havia espaço na agenda chinesa para os animais". Ainda bem que agora começa a existir.

    jaime spitzcovsky

    Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Na coluna, fala sobre relações internacionais, com atenção especial ao Oriente Médio. Escreve às segundas, a cada duas semanas.

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