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    Jaime Spitzcovsky

    As nossas idades

    19/01/2014 02h30

    Hoje é dia de aniversário. Escrevo na data em que a minha samoieda Nádia completa 14 anos. Cresci com a ideia de que bastava multiplicar a idade canina por sete para fazer a comparação com a longevidade humana, o que deixaria minha companheira quase centenária.

    A siberiana nascida nos trópicos não está muito distante de completar um século de existência, se calculado em padrões humanos. Mas teria algo em torno de 90 anos, um pouco menos do que apontaria a simples multiplicação por sete. Ou seja, a comparação exige que seja levado em consideração o tamanho do cão. Também entra na aritmética a fase de vida do animal.

    A rede britânica BBC oferece, em seu site (www.bbc.co.uk), uma "calculadora". Na fase adulta, cada ano tem de ser multiplicado por um fator que varia entre 4,3 e 13,4. Os súditos da rainha também montaram uma engenhoca para fazer a conta inversa e permitir saber qual seria a nossa idade se pertencêssemos ao mundo canino.

    Ilustração Tiago Elcerdo

    Comparações à parte, festejo naturalmente a resiliência da Nádia. A sofreguidão do caminhar na infância deu lugar a passos lentos, o tom do latido desbotou. Abana o rabo com mais parcimônia.

    Procuro, na medida do possível, proporcionar uma qualidade de vida bastante confortável. Recorri à acupuntura para amenizar dores nas articulações. Encontrei no mercado ração indicada para cães com mais de 12 anos de vida. Check-ups são frequentes.

    Sinais de senilidade aparecem cada vez com mais frequência. Nádia começou recentemente a latir e uivar deitada. No começo, achei que eram pesadelos. Mas percebi que emitia os sons acordada e, aparentemente, sem um motivo óbvio.

    Quando criança, tive uma vira-lata que morreu com 18 anos. À época, com a multiplicação por sete, contabilizava quase 13 décadas de vida. Vou agora refazer as contas. Mas o mais importante é tê-los ao nosso lado, na fase senil, com qualidade de vida.

    jaime spitzcovsky

    Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Na coluna, fala sobre relações internacionais, com atenção especial ao Oriente Médio. Escreve às segundas, a cada duas semanas.

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