Minha filha Silvia vai ganhar, da mãe, um gato. Curiosa, a jovem já vasculha livros e sites sobre comportamento dos felinos. E eu me preparo para ampliar o cardápio de histórias apresentadas neste espaço.
Recebi mensagens com reclamações sobre a ausência de histórias felinas. Em minha defesa, argumento não me arriscar a escrever sobre universos desconhecidos. Só que tenho agora em Silvia uma fonte importante de relatos sobre os primos de tigres.
| Ilustração Tiago Elcerdo | ||
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Enquanto aprendo mais sobre gatos, recebi um e-mail com a história de Olinda Augusto, 73, leitora assídua desta coluna. E compartilho o episódio por ela relatado:
"Há mais de 60 anos nossa floricultura, que também é uma chácara, sempre acolheu gatos vira-latas. Porém, nunca havíamos passado por uma situação dramática como a que envolveu o Leny.
Após dez dias desaparecido, fomos surpreendidos por uma vizinha veterinária que, desesperada, pedia para que olhássemos uma foto dele no computador dizendo: 'eu o reconheci, pois sempre brincava com ele na calçada!' Ficamos muito felizes ao saber que estava bem numa ONG na Vila Mariana.
Foi achado no túnel Ayrton Senna por um rapaz que disse ter chamado os bombeiros, mas não vieram. No dia seguinte, o rapaz viu o gato no mesmo lugar! Pediu então ajuda de outros motoristas para fechar o túnel, colocar o animal no carro e levá-lo à ONG.
Leny adora entrar num carro. Como somos vizinhos de um restaurante, ele deve ter entrado no veículo de um dos clientes, que só foi notá-lo dentro do túnel e teve coragem de soltá-lo ali!
Ainda bem que existem pessoas como aquele maravilhoso rapaz que o salvou."
Quem enviou o email, a pedido de Dona Olinda, foi outra leitora, Anéia Viana, que complementou o relato: "Informo que o Leny está com ela e seus filhos, correndo entre as árvores da floricultura".
Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Na coluna, fala sobre relações internacionais, com atenção especial ao Oriente Médio. Escreve às segundas, a cada duas semanas.