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    Jaime Spitzcovsky

    Alarme no estômago

    03/08/2014 02h00

    Deu na britânica e vetusta BBC: o aposentado Terry Morgan ouviu o alarme soar, como de hábito, às 22h55, para lembrá-lo da chegada da hora de parar de beber. O som veio abafado, no entanto. Ele revirou a casa em busca do relógio. Em vão.

    A revista ocorreu sob o olhar cansado do seu cão Charlie, um filhote da raça terranova. Morgan, que vive no condado de Devon, sul do Reino Unido, imaginou que o alarme estivesse debaixo do corpulento mascote. Levantou-o. Nada.

    Ilustração Tiago Elcerdo

    Foi então que "a ficha caiu". O relógio estava dentro do Charlie, e não debaixo dele. O filhotão havia simplesmente engolido o alarme, avaliado em 500 libras esterlinas. Dono e cachorro correram para o veterinário.

    No consultório, Charlie fez o favor de "vomitar" o relógio. Morgan relatou que, ao chegar, já fazia as contas de como iria pagar uma cirurgia para tirar o mecanismo de dentro do animal. O alívio, no final das contas, foi duplo.

    Primeiro, porque evitou-se a operação. E, depois, porque em vez das 1.000 libras esterlinas previstas como custo da operação, a conta de Morgan ficou em 200 libras. O veterinário realizou apenas duas chapas de raio-X, para se certificar de que o filhote traquino não havia engolido outras coisas.

    Impressionante a capacidade canina de ingerir objetos indevidos. A própria BBC contou, certa feita, a história de um doberman salvo depois de ter engolido três bolas de golfe.

    O canal de TV a cabo Animal Planet exibiu durante muito tempo um programa sobre os casos mais escabrosos de ingestão indevida. Nunca me esqueci do caso do cachorro que havia engolido um cabide.

    Por isso, com a minha matilha de 14 cães no sítio, vivo tentando evitar que eles tenham a chance de alcançar um objeto que possa descer esôfago abaixo.

    Tomo todas as precauções. Mas devo apertar ainda mais. Minha filhotona Celeste já foi surpreendida com uma lâmpada na boca.

    jaime spitzcovsky

    Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Na coluna, fala sobre relações internacionais, com atenção especial ao Oriente Médio. Escreve às segundas, a cada duas semanas.

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