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    Jaime Spitzcovsky

    O mamão e o cocô

    DE SÃO PAULO

    09/11/2014 02h00

    Já contei aqui a história do Max. Uma funcionária do condomínio onde moro pediu ajuda na adoção de um pet e, depois de algumas semanas, desistiu quando o cãozinho já estava à espera em meu apartamento. Nem passou pela minha cabeça devolvê-lo à ONG e, portanto, acabou engrossando a matilha do sítio.

    Max protagonizou fácil adaptação. E introduziu um hábito escatológico, desafio inédito em minha vida de cachorreiro: a coprofagia.

    O cão, sem cerimônias, come fezes dos companheiros de matilha. Mergulhei na pesquisa para tentar solucionar um desvio de paladar tão escabroso.

    Ilustrador Tiago Elcerdo

    Após leitura de textos e conversas com especialistas, entendi que a razão pode ser comportamental ou fruto de um problema de saúde. Cães entediados veriam nas fezes um brinquedo para mascar.

    Animais com medo de serem duramente repreendidos por seus donos, ao errar o local, poderiam engolir "a prova do crime".

    A rotina de Max passa longe do tédio. Portanto, já descartei uma das explicações encontradas na investigação. Sobre o medo de ser repreendido por defecar fora do lugar, entraria no terreno das suposições, pois o cachorro jamais revelou detalhes de sua vida pregressa.

    No entanto, Max não devora apenas as suas fezes. Lépido, ataca quando um de seus parceiros de matilha deixa excrementos. Interessante notar seu interesse apenas por "produtos frescos". Despreza o material caso esteja torrado pelos raios solares.

    Existe a coprofagia provocada por deficiências nutricionais. Algumas doenças também levariam o cão a tal desvio no cardápio. Decidi então levar o Max a uma consulta veterinária.

    A avaliação inicial descartou problemas de saúde. E surgiu uma sugestão simples: acrescentar pedacinhos de mamão à dieta da matilha. A polpa deixaria as fezes com um sabor bastante amargo. Vamos tentar. Mais sugestões são certamente muito bem-vindas.

    jaime spitzcovsky

    Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Na coluna, fala sobre relações internacionais, com atenção especial ao Oriente Médio. Escreve às segundas, a cada duas semanas.

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