• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 11:04:27 -03
    Jaime Spitzcovsky

    Passeio, enjoo e vômito

    22/02/2015 02h00

    Adotamos Bianca em 2008. Era uma filhota quando a encontramos na porta do Teatro Alfa, distribuindo cumprimentos a quem chegava para assistir à peça infantil. Na verdade, avistei-a, de relance, no momento em que deixávamos o carro no estacionamento.

    Minutos depois, lá estava ela, à entrada do prédio, saracoteando em busca de interação com o público. Sem resistir ao apelo de dezenas de crianças correndo pelo saguão, a pequena driblou a segurança e se misturou à algazarra.

    Ilustração Tiago Elcerdo

    Foi reconduzida à calçada. Após o espetáculo, nós a reencontramos. Estava aninhada às pernas de uma jovem que distribuía panfletos publicitários. À exaustão, a moça relatava a quem passava que a cachorrinha morava no estacionamento e que a entrada do teatro era o seu playground.

    Decidimos resgatar a cadela. Já no carro, ganhou de Silvia, minha filha, o nome Bianca. A nova mascote parecia assustada com a movimentação inusitada e, num primeiro momento, salivou bastante. A caminho do veterinário para um check-up inicial, vomitou no banco traseiro.

    Começou então o ritual. Bastava entrar no carro e rodar algumas quadras e Bianca despejava a comida semidigerida. Descobri ser cinetose o nome pomposo para tal enjoo.

    Como não estava a fim de lavar o banco a cada viagem canina, saí em busca de dicas para evitar o mal estar. Poderia recorrer a medicações humanas ou evitar que ela ingerisse alimentos ou água algumas horas antes de embarcar.

    Com o passar dos anos, Bianca, hoje aos seis anos, finalmente fez as pazes com o carro e parou de vomitar nas viagens motorizadas. Mas alguns vira-latas da matilha, menos habituados à vida sobre quatro rodas, ainda enfrentam a cinetose.

    Descobri recentemente que já existe medicação específica para cães e gatos atacados pelo mal do movimento. Para mim, foi uma descoberta um tanto tardia —teria poupado o estofamento de sofrer com o enjoo da cachorrinha.

    jaime spitzcovsky

    Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Na coluna, fala sobre relações internacionais, com atenção especial ao Oriente Médio. Escreve às segundas, a cada duas semanas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024