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    Jaime Spitzcovsky

    A polêmica do sexto sentido

    22/03/2015 02h00

    Um tumor muito agressivo abreviou de forma trágica a vida de um amigo meu. Entre diagnóstico e despedida, apenas cerca de dois meses.

    Naturalmente, não preciso descrever a tristeza e a perplexidade em torno de familiares e conhecidos. Mas quero compartilhar a história do Billy, o cãozinho de estimação da família.

    Contou-me o episódio a mulher do meu amigo que se foi. Conheço-a há bastante tempo, é dona de uma personalidade bastante ponderada, exala inteligência. Diante de vários temas polêmicos, muitas vezes se alia à ala dos céticos.

    Durante a internação do tutor, Billy dava claros sinais de tristeza. Havia perdido o vigor típico dos teckels, os famosos salsichas. Evidenciava sentir a lacuna em casa.

    Ilustração Tiago Elcerdo

    Após o falecimento do dono, minha amiga voltou para casa e ouviu da funcionária doméstica que, a certa altura daquele fatídico dia, Billy começou a se agitar. Andava em círculos e gania. Disparava uivos.

    A dona do animal de estimação perguntou em qual momento do dia havia ocorrido o espasmo. Comparou com a hora da morte do marido, ocorrido no hospital, a quilômetros de distância. Naquele momento de tragédia, a notícia ainda não havia chegado ao lar de Billy.

    Costumeiramente eivados de ceticismo nos relatos sobre poderes telepáticos e "sextos sentidos", minha amiga e eu suspiramos fundo ao final da história.

    Sempre compartilhamos o interesse pelos animais. E, agora, dividimos o interesse em entender a reação do Billy.

    Obviamente não disponho das ferramentas de conhecimento necessárias à tarefa. Temo ter de conviver com a dúvida para sempre.

    Na web, achei estudos sobre o tema. Um pesquisador britânico, Rupert Sheldrake, ao argumentar ter um banco de dados com mais de 5 mil relatos com episódios semelhantes ao de Billy, alimenta controvérsias.

    Aguardo, pacientemente, mais vozes de cientistas.

    jaime spitzcovsky

    Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Na coluna, fala sobre relações internacionais, com atenção especial ao Oriente Médio. Escreve às segundas, a cada duas semanas.

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