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    Jaime Spitzcovsky

    O ganso de bico vermelho

    21/02/2016 02h00

    Sushi, o ganso, protagoniza cenas hilárias. Estou me divertindo muito com um pet que jamais havia frequentado minha lista de animais de estimação. Virei um fã incondicional desses plumados.

    A ave chegou ao sítio não como protagonista, mas coadjuvante. Admirava os gansos esteticamente, sabia das suas qualidades de protetores de território, e, ao decidir contar com a produção ovípara das galinhas, optei ainda por acrescentar um casal de outra espécie.

    Chegaram dois gansos brancos, Sushi e Sashimi. O macho, de início, buscou interação. A fêmea ficava alguns passos para trás.

    Ilustração Elcerdo

    Nos primeiros contatos, ganhei leves bicadas. Deixei claro que não gostava, afastando-me quando recebia os golpes. Fiz isso instintivamente, lembrando a experiência canina.

    Surpreendi-me ao perceber que Sushi tinha abandonado as bicadas mais fortes. Mantém agora apenas um ritual de leves abocanhadas, que interpreto, não sei se ingenuamente, como tentativas de carinho.

    Pesquisei na web e descobri várias histórias da construção de laços entre humanos e gansos.

    Quando me aproximo do alambrado, por exemplo, Sushi solta a voz. Grasna à espera de atenção e só para quando adentro sua área. Curioso, faz uma espécie de checagem em meus bolsos. Espera, imagino, encontrar o milho que às vezes lhe ofereço como petisco.

    A curiosidade do bicho coloca-o muitas vezes em situações de risco. Recentemente, optamos por pintar partes das instalações das aves.

    O funcionário encarregado da pintura cometeu o desatino de deixar o balde de tinta no chão. A curiosidade de Sushi levou-o a mergulhar o bico na lata. Passou a grasnar com a "face" pintada de vermelho.

    Num primeiro momento, preocuparam-me as consequências do contato com a tinta. Peguei um pano e limpei seu bico. Felizmente, o vacilo não gerou maiores consequências. Apenas uma ave branca que, por alguns instantes, ostentou um gritante detalhe em vermelho.

    jaime spitzcovsky

    Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e em Pequim. Na coluna, fala sobre relações internacionais, com atenção especial ao Oriente Médio. Escreve às segundas, a cada duas semanas.

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