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    Janio de Freitas

    Direitos e direitas

    DE SÃO PAULO

    08/06/2014 02h00

    A democracia brasileira ainda está nas preliminares, mas se aprofunda em um desvio que é a sua negação, e do qual o retorno, se tardar, é muito difícil. A tendência de que direitos, sejam quais forem, sirvam a um só lado, seja qual for, é tão grande que até o lado mais interessado em eliminar essa perversão passou a adotá-la, considerando-a direito seu.

    As injustiças sociais formaram-se, todas, com aplicação de direitos só para a maioria, formada da classe média para cima. Um dos princípios definidores da Constituição de 1988 foi dar meios ao pós-ditadura de combater essa linha histórica da sociedade injusta. Mas, se os princípios constitucionais não se aplicam, por inércia ou por violação, a má repartição de direitos muda de aparência, sem deixar de ser injusta. Inclusive, o que é monstruoso, com excesso e com falta de direitos dentro de um mesmo patamar socioeconômico.

    O direito de greve e a liberdade de protesto não podem ser praticados de maneiras que desrespeitem direitos básicos, como o de ir e vir, porque se tornam antidemocráticos -o que já chega no Brasil. Em greves de transporte urbano sem aviso preparatório para a população (ônibus no Rio e em São Paulo) e em greves que descumprem a ordem legal de manter parte dos serviços (metroviários paulistanos), o interesse da coletividade foi mais do que ignorado: foi submetido a uma violência social inequívoca. E essa coletividade formava-se com a maioria de trabalhadores tão trabalhadores, em todos os sentidos, quanto os grevistas.

    Em nome de razões de justiça, na prática as condutas como aquelas têm, embora a diferença dos fins, as mesmas conotações de direita que seus integrantes sempre condenaram. São violências contra coletividades que, apesar de maiorias, não têm como defender-se da minoria com o poder de impor a situação.

    POR ENQUANTO

    O dado mais surpreendente do Datafolha feito de 3 a 5 de junho: o empate, no eleitorado do Nordeste, de Eduardo Campos, com 11%, e Aécio Neves, com 10%. Não se esperava que o ex-governador mineiro, pouco conhecido por lá, fizesse jogo duro com Eduardo Campos em momento algum. Nem que o ex-governador nordestino se mostrasse tão pouco apoiado no próprio terreno.

    Eduardo Campos desfaz outra expectativa. Esta, com a colaboração de Marina Silva. Muitos comentaristas estimaram que Marina como vice levasse Eduardo, em pouco tempo, às redondezas dos 20%. Em vez de subir, caiu de 11% para 7% com Marina e no mês em que mais se mostrou. As previsões erraram como se fossem de economistas.

    O potencial de influência de Joaquim Barbosa, o segundo mais forte no caso de indicar um candidato, com 26%, cresceu no que era o eleitorado influenciável por Fernando Henrique, agora em 12%. Mas daí não se deduz algum prejuízo para Aécio Neves. A identificação dos empolgados com Joaquim Barbosa é com o candidato do PSDB.

    PRESERVAÇÃO

    Parte dos cariocas foi informada dos planos privados de construir um bairro "equivalente a duas vezes a extensão do bairro de Copacabana". O empreendimento terá "início assim que a licença ambiental do Estado for concedida".

    O bairro planejado fica na orla marítima da Grande Rio.

    Dentro da Área de Preservação Ambiental de Maricá.

    A informação foi divulgada na quinta-feira, 5.

    Dia do Meio Ambiente.

    janio de freitas

    Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa as questões políticas e econômicas. Escreve aos domingos e quintas-feiras.

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