Uma única certeza: seja qual for o desfecho da crise, será muito ruim. Isto supondo-se que haja desfecho, propriamente dito, e não a também possível continuidade da degradação caótica como um estado permanente. A "Constituição Cidadã", as leis, a reverência ao Direito, a ética jornalística, a administração pública, as práticas políticas, a respeitabilidade mínima do Congresso, a divergência com convivência –o que aí não está muito abalado é porque já desmorona.
A meio da semana, um aspecto dessa situação motivou observações que há poucos anos o Brasil não precisaria ouvir, sobre o respeito a procedimentos judiciais. Vieram de ninguém menos do que o próprio presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Roberto Caldas, em solenidade no Supremo. Referia-se, não citando por delicadeza diplomática, aos "vazamentos" de delações e investigações:
"Em vários países, quando se divulgam elementos da investigação, tais elementos se tornam nulos. Vejam o quanto isso é grave: tornam-se nulos."
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Quem não observa o rigor que se deve ter no cumprimento das leis, seja no que respeita aos "vazamentos" criminosos da Lava Jato, seja com relação aos abusos contra Lula (coerção desnecessária e armação com a imprensa, e depois os grampos e sua divulgação abusiva), não têm o Estado Democrático de Direito como foco central, e adere ao dito que diz que "os fins justificam os meios", mesmo que os fins sejam injustificáveis.