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    João Amoêdo

    Educação: investimento na democracia

    23/10/2017 07h21

    Press Association
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    Aula de educação infantil

    O investimento na educação básica é primordial para formarmos cidadãos preparados e conscientes que serão determinantes no estabelecimento de uma sociedade harmônica, próspera e sustentável. Este provavelmente é o melhor retorno que podemos ter dos impostos que pagamos: viver em uma nação com baixa criminalidade, com mais oportunidades e maior desenvolvimento tecnológico.

    Este salto de qualidade o Brasil ensaia, sem sucesso, há décadas, e só vai realmente se materializar quando a educação for tratada como um ativo da sociedade.

    É um trabalho que começa principalmente na primeira infância - período que vai do nascimento aos seis anos —e no qual a criança desenvolve as estruturas básicas de compreensão cerebral, adquirindo as condições mais importantes para o aprendizado. Caso isso não ocorra nesse momento, seu potencial e todas as habilidades mais complexas ficarão comprometidas.

    Estudos já demonstraram que o ápice da construção dos circuitos cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas ocorre ao redor dos dois anos. Isso significa que o ambiente em que essa criança se desenvolve é diretamente responsável pela capacidade de ela aprender, processar informações, ter atenção, desenvolver a linguagem, comunicar-se, planejar estratégias, resolver problemas e se supervisionar.

    Nesse sentido é fundamental que façamos uma revisão da divisão dos gastos em educação pública hoje no Brasil. Os recursos deveriam ser alocados para o ensino básico, ao contrário do que temos hoje, um modelo que privilegia o ensino superior público. Este formato acaba sendo um grande concentrador de renda, pois dada a deficiência do ensino público, básico e fundamental, normalmente apenas os que tiveram recursos para pagar escolas privadas têm acesso ao ensino público superior gratuito. Temos assim os mais pobres pagando a faculdade dos mais ricos.

    O Brasil precisa ter a primeira infância como prioritária. Devemos ter creches de qualidade, com professores capacitados, com currículo flexível, com tecnologia disponível e um ambiente estimulante e desafiador. Se não atacar de forma decisiva esse ponto, o governo vai ficar enxugando gelo com os problemas nos ensinos fundamental, médio e superior da próxima geração e não vai melhorar a qualidade de vida das famílias.

    A educação básica irá dar oportunidade para o indivíduo conquistar seus objetivos, formar cidadãos plenos e, consequentemente, bons eleitores, que estarão aptos a selecionar representantes competentes e assim perpetuar um ciclo virtuoso.

    Em resumo, precisamos reverter o processo que temos hoje e revisar a atual forma de investimento na educação pública no Brasil, priorizando a educação básica em vez do ensino superior. Lembrando que os recursos são sempre escassos.

    joão amoêdo

    Escreveu até dezembro de 2017
    joão amoêdo

    Fundador do Partido Novo. Formado em engenharia civil e administração de empresas, foi sócio do banco BBA e vice-presidente do Unibanco. É sócio do instituto Casa das Garças.

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