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    João Pereira Coutinho

    Obrigado, Pelé

    02/06/2014 01h30

    Os portugueses andam preocupados com a sua seleção de futebol. Tudo porque Cristiano Ronaldo, considerado pelos especialistas como o melhor jogador do mundo, dá sinais de cansaço muscular e nem sequer jogou o amigável contra a Grécia.

    Deu empate. Mas o empate é o menor dos problemas. O maior de todos é saber se Cristiano estará pronto para a Copa do Mundo –e, em especial, para o primeiro jogo contra a Alemanha, dia 16 de junho, em Salvador.

    Pois bem: boas notícias para os lusos. Não falo da evolução física do jogador, ainda no segredo dos deuses. Falo da provável evolução psicológica depois de ler a entrevista que Pelé concedeu a esta Folha.

    Em tom blasé e até jocoso, o incomparável Pelé resolveu tirar a segunda Bola de Ouro a Cristiano (e, já agora, a Champions League que o Real Madrid venceu esse ano) para a atribuir, metaforicamente falando, a Lionel Messi.

    Cristiano é apenas um finalizador, disse Pelé. Messi é tecnicamente melhor. "Faz gols, arma, joga no meio". Para entender o abismo que existe entre os dois, Cristiano Ronaldo, no máximo dos máximos, só pode ser comparado ao homônimo brasileiro. Ou então a Dadá Maravilha.

    Que maravilha! Portugal, de joelhos, só pode agradecer as palavras de Pelé. Porque o método mais eficaz para recuperar Ronaldo não passa por máquinas, químicos, descanso e outras frescuras.

    Passa, obviamente, por soprar-lhe ao ouvido a palavra "Messi" e a suposta superioridade do argentino. "Messi" é a capa vermelha que se agita perante o touro. E, quando isso acontece, o touro sai para a arena com energia redobrada.

    Eu próprio, amigo há muitos anos do biógrafo oficial do técnico português, encaminhei-lhe a entrevista de Pelé. Para que ela seja lida pela seleção –e, obviamente, por Cristiano Ronaldo.

    Se as palavras de Pelé não acabam com as dores do craque português e o levantam da cama como se fossem uma injeção de adrenalina, então o caso é mais grave do que se pensa. E nem um milagre salva Portugal no Brasil.

    joão pereira coutinho

    Escritor português, é doutor em ciência política.
    Escreve às terças e às sextas.

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