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Vestido de gari, prefeito João Doria (PSDB) participa de evento do programa Cidade Linda |
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Monday, 29-Apr-2024 02:16:14 -03José Henrique Mariante
Candidato, Doria esquece o uniforme de prefeito
24/08/2017 02h00
SÃO PAULO - Desde a manhã de seu primeiro dia como prefeito, João Doria adota figurinos. Ciente de que a população teria dificuldades de engolir o gestor da campanha eleitoral em visual Jardim Europa ou, pior, o confundiria com os políticos, resolveu abrir o guarda-roupa. Não o seu, mas o que achou na administração municipal. Da gaveta mais baixa, tirou o uniforme de gari, perfeito para transferir a magia acumulada do candidato ao eleito.
Esta Folha traduziu bem o fenômeno, aos cem dias de governo, com reportagem ilustrada por um kit bem-humorado de roupinhas para o boneco prefeito. Entre tantas, a de presidente da República, com faixa e tudo. Não havia, no entanto, a de candidato, que o prefeito voltou a vestir desde a semana passada.
Doria, o não político que melhor usou esse falso paradigma em 2016, parece cada vez mais um político tradicional. Quem mais estaria neste momento desbravando o Nordeste, levando ovada e se tornando cidadão por decreto das vereanças visitadas? Lula? Bolsonaro?
Doria é o não político que mais lembra antigos prefeitos de São Paulo. O apreço à zeladoria remete a Jânio Quadros, que assumiu, não vestido de gari, mas desinfetando a cadeira de prefeito usada pelo rival "Henrique Cardoso" na campanha de 1985. Também sob uma crise braba, Jânio obteve grande efeito apenas limpando a cidade suja.
Dormir tarde e acordar cedo foi um dia marca registrada de Paulo Maluf, que dizia ainda tocar piano às três da madrugada. Também notívago, José Serra nunca acordava.
Maluf também primeiro prometeu plantar "um milhão de árvores". Inundou ruas e avenidas com mudas que mal paravam em pé, assim como seus invólucros brancos, talvez a maior contribuição oficial para o lixo na história da cidade.
Doria só seria um não político se não fosse, como antecessores, candidato. A roupa de prefeito, há décadas, resta esquecida no armário.
Engenheiro e jornalista, é secretário-assistente de Redação da Folha, onde trabalha desde 1992
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