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    José Roberto Torero

    A estrela dos Jogos na Rádio Patrulha

    28/07/2012 03h24

    -Bom dia, caros ouvintes da Rádio Patrulha, aquela que na notícia mergulha. Estamos aqui, direto de Londres, para entrevistar a grande estrela destes Jogos Olímpicos.

    Não, não é Michel Phelps, não é Usain Bolt e muito menos a bela Maria Sharapova, que, aliás, eu gostaria muito de entrevistar. A grande estrela é... tcham, tcham, tchammmm... A bandeira olímpica! Para começar, eu quero saber uma coisa: quem inventou você?

    -Foi o Pierre.

    -Aquele que era do Palmeiras?

    -Não. O Pierre-Charles de Fredy. É o nome do Barão de Coubertin.

    -Ah, sim, esse Pierre, claro.

    -Pois é, ele fez o desenho em 1913. Mas a estreia aconteceu só nos Jogos de Antuérpia.

    -Você está conservada para uma bandeira de quase cem anos.

    -Na verdade, sou a terceira geração da família. A primeira foi minha avó, em 1920. Em 1924, em Paris, veio a minha mãe, que ficou até 1984. E eu nasci em 1988, em Seul. No final destes Jogos vou na mala do prefeito para o Rio de Janeiro. Será que vão me roubar por lá?

    -Se roubarem, fique tranquila, porque a Rádio Patrulha sempre encontra o pulha. Mas me conte uma coisa: de onde o Pierre tirou a ideia de fazer você?

    -Há quem diga que foi de uma pedra de um altar grego em Delfos. Mas o mais provável é que ele tenha se inspirado no emblema da União Francesa de Esportes Atléticos, que tinha como símbolo dois anéis entrelaçados.

    -E as cores representam todos os países do mundo, certo?

    -Errado. O Pierre nunca disse isso.

    -Ah, sei. Mas os anéis representam os cinco continentes, certo?

    -Errado de novo. O COI nunca aceitou esta interpretação.

    -Poxa, assim fica difícil. Não se sabe nada com certeza sobre a história da bandeira olímpica.

    -Sabem que minha avó foi roubada no final dos jogos de 1920.

    -Opa! Um caso de polícia! É a especialidade da nossa Rádio Patrulha. Quem foi o meliante?

    -Hal Haig Prieste. Era um atleta norte-americano de saltos ornamentais. E, no final dos Jogos, ele, de brincadeira, escalou o mastro e pegou a vovó.

    -Como descobriram isso?

    -Em 1997, durante um banquete do Comitê Olímpico dos EUA, o Prieste, já com 101 anos, contou para um jornalista que tinha a bandeira original. Três anos depois, em Sydney, houve uma cerimônia para a devolução. E no ano seguinte o Prieste morreu. Hoje vovó está no Museu Olímpico, na Suíça.

    -Olha aí, que maravilha! Mais uma coisa que nossos ouvintes aprendem. É a vantagem de escutar a Rádio Patrulha. Rádio Patrulha, aquela que não entrevista, vasculha!

    josé roberto torero

    Escreveu até julho de 2012

    Escreveu 24 livros (como "O Chalaça" e "Pequenos Amores", vencedores do prêmio Jabuti), dez roteiros de curta-metragem (entre eles, "Uma História de Futebol", indicado ao Oscar em 2001), sete roteiros de longa-metragem (um deles, "Pelé Eterno", prêmio Città di Roma no Festival de Cannes de 2005) e roteiros para a TV.

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