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    Josimar Melo

    Envelhecer bem, uma arte

    14/02/2016 02h00

    O fechamento do Gigetto é motivo de consternação para a cidade, embora talvez não para um grande público, que já não o frequentava mesmo quando ainda ficava no histórico ponto da rua Avanhandava.

    Ali se fixara em 1949, depois de 11 anos na rua Nestor Pestana, e ali se tornara um ponto boêmio, especialmente da turma de teatro, mas também das de outras artes —fossem as dos que as produziam, fossem as do seu público.

    Cantina italiana é uma marca de São Paulo. Na Itália é diferente. Chama-se trattoria —cantina, afinal, é onde se faz vinho— e serve tanto massas e carnes quanto pizzas; aqui, tendem a ter locais exclusivos.

    Eduardo Knapp/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 18-07-2013 13h52: COMIDA. Prato de Polpettone ao sugo da Cantina Jardim de Napoli da Vila Buarque (Foto Eduardo Knapp/Folhapress.COMIDA) - especial comida 460 anos - sp460comi
    Polpettone ao sugo da Cantina Jardim de Napoli, mais jovem membro da velha-guarda ítalo-paulistana

    Lembrar o Gigetto nos incentiva a visitar outras casas sexagenárias, ou mais, nascidas da tradição dos migrantes italianos que chegaram na virada do século passado.

    A mais emblemática segue sendo a Castelões (de 1929), onde convivem pratos cantineiros e de pizzaria, mas em região pouco gastronômica, mesmo para seus moldes. A mais bem-sucedida é a Jardim de Napoli, mais jovem (1949), mas que melhor tem se adaptado ao tempo.

    Mais velho, embora tenha fechado por três anos, o Carlino opera no centro e abre só no almoço –os atuais donos assumiram em 1974. Perdeu o cetro da antiguidade ao Capuano, desde 1907 ativo ininterruptamente e há 55 anos no mesmo local, o Bexiga, embora nascido na rua Major Sertório.

    Ainda no Bexiga, temos a Roperto (de 1942) e, fora do circuito mais comum, a Cantina 1020 (de 1948), no Cambuci, e a curiosa pizzaria Bruno, de 1939. Na Freguesia do Ó, esta não serve massas, só pizzas, mas... Fritas! Ainda que em forno a lenha.

    Isso tudo para falar apenas de casas abertas antes de 1950. Com diferentes qualidades e defeitos, todas merecendo uma visitinha. Mas precisam ficar espertas: restaurantes não são museus, têm de mostrar o passado de uma forma autêntica, mas palatável ao presente.

    josimar melo

    Josimar Melo é crítico gastronômico, autor do 'Guia Josimar' de restaurantes, bares e serviços de SP. Escreve às quintas, a cada duas semanas.

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