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    Juca Kfouri

    É fogo no boné do guarda

    14/06/2013 03h00

    A expressão do título é de Osmar Santos, o locutor que marcou a história do rádio esportivo brasileiro, antes e depois dele, a.OS e d.OS.

    A seleção treinou no excelente gramado do quartel do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

    A expressão não precisa de explicação e, se precisar, não será aqui que você, rara leitora, raro leitor, irá encontrá-la.

    Já a seleção se explica cada dia mais.

    Treina fechado, treina aberto, como sempre, tudo como dantes no quartel de Abrantes, isto é, dos Bombeiros.

    Felipão começa a treinar David Luiz para ser, eventualmente, o Edmílson na Copa de 2002, ideia que provavelmente lhe ocorreu ao ver o zagueiro desempenhando, bem, a função no Chelsea.

    O último treino que vi de uma seleção brasileira foi a de Dunga, antes do jogo contra a Holanda, na África.

    O clima, então, era tenso na relação com a imprensa, um bode expiatório muitas vezes criado artificialmente pelos que, como o ex-técnico da CBF, precisam sempre achar um inimigo externo.

    O clima de agora é incomparavelmente menos beligerante, apesar dos treinamentos seguidos em dependências militares tanto no Rio, na Escola de Educação Física do Exército, quanto em Brasília.

    Depois de levar FHC e Aécio Neves ao seu camarote no Maracanã, José Maria Marin foi ao Instituto Lula convidar o ex-presidente para o jogo de abertura da Copa das Confederações.

    Entre uma articulação e outra nos meios civis antagônicos, não custa cassandrear pelos quartéis, prática que conhece bem.

    Porque é de corar a nenhuma questão de nossos políticos com suas biografias, esquecidos que até hoje o líder comunista Luís Carlos Prestes paga o preço de ter subido no palanque com Getúlio Vargas, que havia extraditado sua mulher Olga e a entregue para os nazistas na Alemanha, onde foi executada.

    O que junta Marin, agora condecorado também pelo governador do DF, Agnelo, cordeiro em italiano, Queiroz, aos tucanos e petistas, não envolve os interesses da nação, mas só os da simples e abjeta bajulação de uns e os sonhos de eleição de outros.

    Todos, enfim, como consagrou o linguajar petista, farinhas do mesmo saco, quatro letrinhas com as quais também se escreve asco.

    Hoje a seleção treinará no belíssimo Mané Garrincha. Impossível olhar para ele e não perceber seus lindos dentes de marfim, suas enormes orelhas, sua tromba imponente.

    Que lindo elefante branco!

    É fogo, torcida brasileira.

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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