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    Juca Kfouri

    Nuzman sempre soube

    16/03/2014 01h12

    ADMITO QUE futebol já me ocupa o suficiente para que eu possa dedicar tempo aos esportes ditos olímpicos, tão nebulosos como.

    Ainda bem que jornalistas da estirpe de José Cruz e Lúcio de Castro exercem brilhantemente o papel de mexer no lixo dos esportes sob o guarda-chuva do COB.

    Mas conto o que ouvi, no começo do governo FHC, de um executivo do Banco do Brasil, ainda dos tempos do primeiro contrato do banco com a Confederação Brasileira de Vôlei, então presidida por Carlos Nuzman.

    O alto funcionário me convenceu sobre os ganhos de imagem do BB com a parceria com o vôlei.

    Mostrou dados sobre o rejuvenescimento dos clientes do banco, além do aumento da carteira de descontos, fruto de uma negociação que levava as empresas que anunciavam nos eventos de vôlei a virarem clientes do BB.

    Parecia um negócio perfeito.

    Diante da pergunta sobre se ninguém levava nada por fora, a resposta estava pronta: "E você acha que o Banco do Brasil tem caixa dois?".

    É claro que não achava. Mas, acostumado com o futebol, insisti.

    Até que ouvi uma explicação que fazia sentido: "A CBV tem os direitos do circuito do vôlei de praia, por exemplo. Direitos cedidos pela Federação Internacional. Que valem, digamos, US$ 200 mil. Pois bem. A CBV revende esses direitos para a subsidiária da Sports Media em Montevidéu e esta revende para o banco, vá lá, por US$ 2 milhões. Tudo contabilizado e legal. Se alguém ganha com isso não é problema nosso".

    Registre-se que, à época, o Uruguai era paraíso fiscal.

    Perguntei se poderia ver um contrato e a resposta foi a que esperava: "Não. Mostrar seria uma ilegalidade, porque os contratos têm cláusulas de confidencialidade".

    INDIGNADO

    Responsável por tocar o estádio corintiano, Andres Sanchez está indignado com quem duvida da capacidade de o clube pagá-lo nos 12 anos previstos.

    "Pagará na metade desse tempo e ainda sobrarão R$ 50 milhões por ano. Isso calculando que o time jogue lá apenas 35 vezes por temporada, e não as 38 ou 40 como é habitual, e com apenas metade de sua capacidade, só com a renda dos jogos, sem contar os direitos pelo nome, movimentação de bares e restaurantes, publicidade estática e nas centenas de telas, aluguel de camarotes e renda do estacionamento."

    Ele promete calar os descrentes na próxima reunião do conselho alvinegro, no último dia deste mês. E desafia: "Em junho ou julho eu vou mostrar exatamente quanto custou o estádio, com juros e tudo mais. Garanto que não passará de R$ 1,05 bilhão. Quero ver como justificarão que se gastou muito mais no Maracanã e no Mané Garrincha."
    Os cálculos detalhados de Sanchez você encontra no meu blog, no UOL.

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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