• Colunistas

    Saturday, 04-May-2024 08:28:22 -03
    Juca Kfouri

    O grupo de Dunga

    DE SÃO PAULO

    21/08/2014 02h00

    Imagine este time para enfrentar a Colômbia no dia 5 de setembro, em Miami: Jefferson, Maicon, Miranda, David Luiz, Filipe Luís, Luiz Gustavo, Elias, Éverton Ribeiro, Philippe Coutinho, Ricardo Goulart e Neymar.

    Convenha que são nove bons jogadores, um craque e um candidato a craque, Philippe Coutinho, 22 anos, nosso novo PC, chamado de Pequeno Mágico, que brilha no meio de campo do Liverpool. A pergunta é: formarão um time?

    Porque também os 11 que levaram de sete eram bons jogadores e não formaram um time que fosse capaz de enamorar a torcida nem mesmo enquanto ganhou.

    O discurso de Dunga, verdadeiro, ao contrário do feito pelo presidente da CBF, bateu na tecla da reconquista da torcida, como em 2006, repetindo o de Felipão em 2012. Prova de que, ao contrário do que disse o cartola ao anunciar a saída do Gol e a entrada do Chevette, a confiança anda em baixa.

    Verdadeiro também porque em torno da necessidade de jogar coletivamente, valorizando a posse de bola, o passe e o gol –aqui como os dos alemães, com bola na rede, não o de quatro rodas.

    Curioso que Dunga repete, também, o fim do trabalho de Mano Menezes, ao abrir mão do centroavante de referência, embora ainda insista num tipo como Hulk, opção de força decepcionante na Copa, em vez de tentar o refinamento de Paulo Henrique Ganso, cujo recente progresso fazia por merecer o estímulo.

    Fique bem claro, em nome da coerência, que a seleção não é o meio de recuperar o desmoralizado futebol brasileiro, apesar de ser a missão do técnico, sem preparo intelectual para tanto –e aqui a referência é à sua prática sobre o jogo e não à língua portuguesa.

    Não se descarte a possibilidade de Fernandinho e Ramires, outras duas frustrações na Copa, se recuperarem como fruto do insucesso, porque são muitos os exemplos para comprovar a tese.

    Dunga se moverá em terreno movediço.

    A começar em que houve mais protestos do que festa entre cruzeirenses e corintianos pelos desfalques causados pela CBF na campanha do Brasileirão, o que apenas reforça a sabida irracionalidade de um calendário que não para nas datas Fifa.

    Daí também a nova convocação não despertar maiores polêmicas, só queixas, diante do pouco apreço pela camisa amarela que vive há anos em busca de retomar seus vínculos com a torcida, reatamento que se deu na Copa das Confederações, mas como ilusão.

    O recomeço do trabalho de Dunga se dá em meio à compreensível desconfiança generalizada e nem poderia ser diferente. Sua missão, sem trocadilho, é gigantesca e duvidar de que esteja à altura não é pessimismo, mas mera constatação.

    Ele já sai perdendo de 1 a 0 (8 a 1!) porque sob o comando de quem pensa mais em patrocínios do que em futebol.

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024