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    Juca Kfouri

    Fator PH

    28/08/2014 04h01

    Paulo Henrique Ganso voltou a bater um bolão. Voltou porque havia deixado de fazê-lo e andou até mesmo irritando os que sempre pediram por ele.

    Admito ter chegado ao ponto de desistir dele.

    Quando Ganso surgiu ao lado de Neymar não eram poucos (primeirão qualquer coisa!) os que gostavam mais de seu futebol do que o do parceiro, algo que a história desmentiu cabalmente.

    Em 2010, se tivesse que escolher ente os dois, Dunga deveria tê-lo chamado e deixado Neymar amadurecer. Dunga, como se sabe, preferiu deixar ambos na chocadeira.

    Daí, também história conhecida, quando a Holanda virou o jogo Dunga virou para o banco e vislumbrou um deserto de homens e ideias. O que fazer? Restou voltar para o Brasil de mãos abanando.

    Depois da derrota na África do Sul, PH subiu e desceu, emergiu e submergiu, brilhou e apagou, apareceu e desapareceu como um pisca-pisca, um cometa, uma estrela, uma estrela cadente.

    Dunga se encheu de razão, muito embora, naqueles dias africanos, o rapaz estivesse em noites de lua cheia.

    Mas Ganso, de fato, não era aquilo tudo que se imaginava.

    Hoje, com os pés no chão, todos nós, PH inclusive, está muito claro o que ele pode e o que ele não pode fazer. Está óbvio o que se deve exigir dele e o que não se deve. Como aproveitá-lo, como fazê-lo render ao máximo, é problema de seus treinadores, não exclusivamente dele, muito menos meu.

    O que sei é que não contar com Ganso é não saber contar até 11.

    No atual futebol brasileiro, Ganso tem lugar em quaisquer times que se formem, incluída, e principalmente, a seleção brasileira.

    Nos anos 70, não teria, como, na seleção, não tiveram craques muito melhores que ele como Ademir da Guia e Dirceu Lopes –para citar apenas dois, preteridos por Gérson, Rivellino, Paulo César Caju.

    Hoje, dentro da área como quer Muricy Ramalho já com algum sucesso, ou mesmo fora como Ganso parece gostar mais, apaixonado antes pelo passe que pelo gol, sobra vaga para ele.

    Mesmo que venha a jogar o próximo jogo tão mal como andou jogando até em passado recente.

    Dunga, se tivesse juízo e criatividade, faria o que nenhum técnico da CBF jamais fez e o convocaria imediatamente, como estímulo para o jogador e como maneira de mostrar que não abdica do bom trato com a bola.

    Dunga tem mil motivos para não gostar de Ronaldinho Gaúcho, mas há de reconhecer que ele fez a diferença para o Galo sair da fila na Libertadores.

    Embrulha o estômago imaginar que Dunga não note que Paulo Henrique Ganso também faz a diferença.

    Talvez ele jamais seja o protagonista, mas será um coadjuvante precioso. E pensante. E alguém que Neymar receberá de braços e coração abertos. Não é pouco, convenhamos.

    Chama o Ganso, Dunga!

    Feliz você será.

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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