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    Juca Kfouri

    Mudar de fato

    30/10/2014 08h55

    Que o Brasil mudou nos últimos 20 anos é inegável.

    Que FHC entregou a Lula um país melhor do que recebera oito anos antes, nem o mais radical dos petistas recusará.

    Como nem o mais empedernido dos tucanos negará que Dilma recebeu de Lula um Brasil ainda melhor.

    Já sobre o governo dela há controvérsias, com avanços em algumas áreas, as mais necessitadas, e recuos em outras.

    Entre o antigo mito robinhoodiano e uma nova história collorida, as urnas decidiram.

    Os vencedores terão muito a fazer para cumprir com o que acenaram. Aos que perderam caberá o saudável papel de oposição.

    À imprensa, nada de novo: fiscalizar sempre, criticar o criticável, elogiar o elogiável.

    Negar que jornalistas têm lado é como negar a luz do sol. Exigir que tenham equilíbrio cabe aos leitores, telespectadores e ouvintes. Civilizadamente.

    Para tanto, basta deixar de ler, ver ou ouvir os desequilibrados. Sem agressões –que atrapalham os que os agressores imaginam ajudar.

    No esporte, motivo da longa introdução, o Brasil pouco caminhou nas últimas décadas.

    A legislação avançou mais nos primeiros oito anos que nos últimos 12, mas tanto tucanos quanto petistas foram incapazes de formular uma Política Esportiva com letras maiúsculas para o país.

    Em seu programa de governo, Dilma Rousseff acena com mudanças concretas, como a fundamental democratização da superestrutura do esporte nacional e do acesso à prática de esportes.

    O Brasil recebeu a Copa do Mundo e receberá a Olimpíada.

    Da Copa, o mundo gostou, e nós, brasileiros, sabemos a que custo.

    É possível que se repita o sucesso internacional na Rio-16, apenas como megaevento, não como educação esportiva nem muito menos como fator de saúde pública.

    É disso que se trata aqui, sem meias palavras.

    Para mudar de fato, mas de fato mesmo, a presidenta reeleita terá de fazer rupturas, sem conciliar ou fechar os olhos ao atraso estarrecedor da cartolagem predatória, corrupta e corruptora que nos assola desde o século passado.

    A começar pelo desaparelhamento do Ministério do Esporte que pouco avançou nesses 12 anos, embora pudesse ter avançado muito mais.

    Entidades jovens que reúnem o que há de melhor no esporte brasileiro, como os Atletas pelo Brasil e o Bom Senso F.C., precisam ser atendidas em suas reivindicações para, enfim, introduzir o Brasil no mundo esportivo moderno, sem o que marcaremos passo mais quatro anos.

    Muita energia já foi gasta na defesa do óbvio, porque na área do esporte o que precisa ser feito é de uma obviedade do tamanho de mais de 54 milhões de votos, além do contidos nos 51 milhões também insatisfeitos com a situação do COB, CBF, clubes e federações, estes dois últimos, os maiores responsáveis pelo atraso.

    O primeiro passo pode ser dado já, ainda no fim da primeira gestão dilmista: não aprovar a lei da responsabilidade do esporte com contrabandos ou concessões espúrias.

    Vai, presidenta!

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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