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    Juca Kfouri - Luiz Fernando Cosenzo

    Dilma e o esporte

    DE SÃO PAULO

    07/12/2014 02h00

    DAQUI A 20 meses o Brasil receberá o mundo no Rio de Janeiro para a festa dos XXXI Jogos Olímpicos da era moderna.

    Embora numa cidade só e sem a audiência que a Copa do Mundo obtém, a Olimpíada terá a participação de cerca de 200 países, mais que o triplo dos participantes de uma Copa do Mundo.

    Quem para o Rio vier desfrutará de uma das mais belas cidades do mundo, se não a mais bela, mas não encontrará no país anfitrião uma potência esportiva, longe disso. Nem poderia.

    Porque com quase 515 anos de história, o Brasil sequer tem uma Política Esportiva para chamar de sua.

    A presidenta Dilma Rousseff tem a chance de ouro, agora, para ganhar a primeira medalha olímpica para o Brasil, caso mude o rumo que tem norteado as escolhas do ministro do Esporte, há 12 anos na mão do PCdoB, como se os quadros do partido tivessem feito doutorado numa escola de Esportes da Albânia.

    Pois não fizeram, e é até melhor mesmo que não tenham feito (só faltava essa...), mas aparelharam o ministério de tal forma e tão subserviente que o ministro da vez, herança do passado, acaba de prestar comovida homenagem ao presidente do Vasco em sua posse. Isso mesmo, debulhou-se diante de Eurico Miranda: "Quero mais uma vez, agora publicamente, confessar que foi uma das grandes alegrias que tive este ano ver a sua eleição para a presidência dessa gloriosa e grande instituição do futebol brasileiro'', derreteu-se Aldo Rebelo em seu discurso.

    O Brasil é um país de doidos.

    Se há um partido com gente preparada para tratar de esporte, que pensa nele como fator de inclusão social e saúde pública, este é exatamente o PT.

    Citaria aqui mais de uma dezena de petistas, entre doutores, mestres e professores universitários, além de políticos com experiência de gestão, habilitados para o cargo. Não citarei nenhum para não esquecer de ninguém, mas, principalmente, para não parecer campanha –claro que o deputado Vicente Cândido, sócio de Marco Polo Del Nero, não só não está neste rol como entre ele e Rebelo é melhor nem mexer.

    Mas tem muita gente de olho no ministério nesta época pré-olímpica, o que é compreensível.

    O PCdoB quer permanecer não fazendo nada pelo país, mas fazendo bastante em seu próprio benefício.

    O PDT quer, o PMDB carioca quer e o PT deveria se mobilizar para chegar lá.

    Porque se há uma área em que se pode fazer rupturas sem botar em risco a governabilidade esta é a esportiva, cujos cartolas são mal vistos pelo eleitorado, não podem nem dar as caras nos estádios e frequentemente sofrem constrangimentos até em restaurantes caros.

    Será lamentável deixar passar mais uma oportunidade para estabelecer uma Política Esportiva que beneficie a população brasileira e que nos permita pensar, aí sim, daqui a uma década, em termos uma delegação olímpica que nos orgulhe.

    Além de colhermos os frutos também naquilo em que já nos orgulhamos no passado: o futebol.

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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