O toque de calcanhar de Michel Bastos, com a bola no alto, foi magnífico, mas já houve outros tão bons como ou até melhores.
A caneta de Reinaldo no zagueiro uruguaio também foi espetacular, porém quem vê futebol já viu diversas semelhantes ou superiores.
Já o chute de primeira de Alexandre Pato, sem deixar a bola tocar o gramado, de peito de pé, embora raro, todavia tem similares pelo mundo afora.
Por que, então, tem tanta gente enaltecendo o primeiro gol do São Paulo contra o Danubio a ponto de chamá-lo de antológico, de tirar o fôlego de narrador?
Porque os três toques compõem a sequência de lances que redundou no gol tricolor, momento tão especial que mereceu que os 16 mil torcedores presentes ao Morumbi saíssem do estádio e comprassem outro ingresso.
Aliás, foi gol para arquibancadas lotadas.
A obra completa do trio não comporta nenhum mas, porém, embora, contudo ou todavia.
O gol merece, ainda, ser imortalizado numa placa e fez eterno um jogo esquecível, pois daqui a 30 anos alguém vai se referir à goleada como a do gol de Alexandre Pato, nascido do calcanhar de Michel Bastos e da caneta de Reinaldo. Porque o esporte tem dessas coisas. Às vezes um lance vale por uma vida.
LIBERTADORES
Só um time brasileiro estreou com vitória no torneio continental: o Corinthians.
Mas foi o único a estrear em casa e contra outro time brasileiro.
Nenhum time brasileiro venceu jogando como visitante, embora tanto o Inter como o Cruzeiro tenham justificativa (justificativa mesmo, não mera desculpa) para a derrota em La Paz e o empate em Sucre, acontecidos a 3.600 e 2.800 metros de altitude, respectivamente.
O Corinthians terá, na quarta-feira que vem, a possibilidade de ser o primeiro brasileiro a vencer fora, com a vantagem de enfrentar o atual campeão San Lorenzo sem o apoio de sua inflamada torcida.
Apenas duas rodadas incompletas já mostraram que a vida será dura para os nacionais.
PAULISTINHA
"A partida vem sendo encarada por todos no clube como o grande teste da temporada. Impossível falar de outra coisa nos bastidores que não seja o confronto. Do refeitório à sala da presidência o assunto é o mesmo, a possibilidade de os comandados de Claudinho Batista conseguirem um bom resultado contra um dos melhores times da atualidade no futebol brasileiro:'Estamos nos preparando para ir em busca de um bom resultado, como fomos nos outros compromissos. Claro que o jogo contra um time de grande porte tem outras dimensões, mas nada se consegue no futebol sem comprometimento de todos. E isto está havendo por aqui', diz Batista.
Ele não esconde que vem se preparando psicologicamente para este compromisso, pois entende que terá pela frente "o melhor treinador do futebol brasileiro na atualidade".
Você acaba de ler trechos do sítio do invicto Mogi Mirim, que hoje enfrenta o Corinthians em Itaquera.
Motivou-se?
Vá lá, que eu não vou.
Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.